Páginas

sexta-feira, 27 de novembro de 2015



Dois Momentos do Ladrão

                                         Cyro de Mattos

            O movimento de carros era intenso na avenida do comércio. Desses que se o motorista não dirigir com cuidado ultrapassa o sinal vermelho e certamente será flagrado na infração pelo guarda ou, infalivelmente, pelo censor instalado no poste próximo da sinaleira.  
           A moto parou no sinal vermelho.
         Apareceu como um raio,  arma em punho, apontando para a cabeça.
         - Passe a carteira, se tem amor à vida.
           Branco de medo. Na garupa da moto a mulher chorava.                                - --     
         - Entregue logo, o que está esperando?
          Adiante, o ladrão abriu a carteira, contou as cédulas com o dinheiro gordo. Todo risonho. Começava bem o dia. 
         De repente foi lançado ao ar. Caiu estatelado. A moto pegou a dele  em cheio.     Era aquele  mesmo motoqueiro, que tinha sido antes a vítima daquele mesmo cara de cabelos grandes e olhos sanguíneos, pilotando uma moto veloz. A vítima, que de repente virou o agressor, melhor dizendo, agente,  pegou a sua  carteira que caiu no chão  com o dinheiro gordo.
           Saiu disparado na moto, a mulher na garupa cantando.
           O ladrão entrou na delegacia, zangado.
           O rosto inchado, o corpo doendo. 
           Contou o ocorrido ao delegado.
               Várias costelas quebradas,  o corte no rosto.
               Perdeu quatro dentes,  a boca ferida, a língua  machucada.
               Gosto de sangue pisado.
              Escapou por sorte.
              No final declarou:
             - Quero ser indenizado.
            Indenização gorda. Direito líquido, certo,  inquestionável, pensou com a careta feia que fez no rosto.
        Providências cabíveis deviam ser tomadas. Urgentes. O caso exigia rapidez em razão da estupidez daquele  motoqueiro imprudente. Imprudência, negligência ou imperícia. Fosse o que fosse.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015



            
 O Sol no Coração

           

                    Cyro de Mattos



O estrangeiro viu todo mundo cantando e dançando na chuva quando chegou à cidade. Qual seria o motivo para toda aquela alegria? A região era muito seca e   há anos não se via cair do céu uma gota d’água? – o estrangeiro indagava-se.
 De canto a canto, a cidade era só euforia, subia da terra  aquele  cheiro cheiroso de terra molhada.
 Um homem velho informou ao estrangeiro que ali a chuva não faltava. As pessoas saíam às ruas para cantar e dançar quando escorria na terra centenária.
O homem velho convidou o estrangeiro para viver no meio daquela gente alegre. Adiantou que aquela gente não sabia o que era guerra, pobreza e prostituição. Não havia entre as pessoas qualquer espécie de preconceito.
O estrangeiro só conseguiu permanecer alguns dias na cidade.
Tremia de frio quando saía às ruas para cantar e dançar na chuva. Teve medo de ficar doente com aquela chuva que não parava e ensopava o corpo todo.
Regressou então à sua paisagem de cimento e aço.
Edifícios escalavam nuvens altas, a população sempre crescente, saindo e entrando por todos os lados.
Automóveis cantavam os pneus no asfalto, a pista era  disputada, palmo a palmo, na correria veloz. Avenidas pareciam não ter fim. Viviam na colméia gigantesca pessoas vindas dos lugares mais distantes.
O coração financeiro da cidade pulsava na avenida principal,  ninguém sabia onde era o começo dela  nem o fim.
Da janela do escritório, no trigésimo andar do edifício com paredes e portas de vidro, olhava a paisagem enevoada da cidade sob a garoa insistente que caía. O frio fazia com que as pessoas agasalhassem-se em roupa de lã grossa.
Mão no queixo, perguntava por que na sua cidade as pessoas não cantavam e dançavam quando a chuva caía nas ruas.
Por que somente naquela cidade perdida no mapa do mundo as pessoas faziam da vida uma festa quando a chuva caía?
Ele nunca descobriu que naquela cidade longínqua e pequena as nuvens eram pesadas lá em cima no céu, as pessoas cantavam e dançavam nas ruas quando a chuva caía porque tinham o sol no coração.

domingo, 15 de novembro de 2015



        Ensaísta Joaci Goes Lança
      As 7 Pragas do Brasil Moderno

        A Editora TOPBOOKS, a Academia de Letras da Bahia, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, a Academia de Letras e Artes do Salvador, a Associação Comercial da Bahia e a Livraria Cultura convidam V. Sa., para a tarde/noite de autógrafos do livro As 7 pragas do Brasil moderno, de Joaci Góes, com prefácio de Carlos Ayres Britto e orelha de José Nêumanne Pinto, na Livraria Cultura do Salvador Shopping, no próximo dia 18, quarta-feira, das 16 às 21:00 horas.
 Joaci Góes toma posse à ALB Joaci Goes nasceu na fazenda São Bento, município de Ipirá-Ba, a 25 de agosto de 1938. Quinto filho de Mariana Fonseca de Góes e de João de Souza Góes, Joaci cursou o primário nos arraiais de Ponto Alegre e Pau Ferro, seguindo para Salvador, aos onze anos. Cursou o ginasial no Colégio Severino Vieira, o colegial no Central e graduou-se pela Escola de Direito da Universidade Federal da Bahia, dirigida pelo jurista Orlando Gomes que veio a ser um dos seus maiores amigos.
    
               Sob a supervisão do seu pai, o velho Gozinho, e a liderança de seus irmãos mais velhos, Joilson e Jeferson, participou com Julival, um ano mais velho, da fundação da Construtora Góes, em 1959, para modernizar e ampliar as atividades de abrir estradas desenvolvidas pelo patriarca desde 1932, depois que Lampião, à guisa de Robin Hood, distribuiu com a população de Olindina todo o estoque da loja de sua propriedade.
              Diante da impossibilidade de conciliar a vocação acadêmica com as absorventes atividades empresariais, Joaci optou pelo mundo dos negócios, dedicando, porém, à leitura, as horas de lazer. Em razão dessa nítida dualidade vocacional, passou a ser considerado por alguns como intelectual-empresário, e por outros como empresário-intelectual.
             É muito conhecido seu desempenho à frente do grupo que ficou conhecido como Góes-Cohabita, integrado por atividades múltiplas, como financeiras, de construção de edifícios, estradas e obras especiais, agrícolas, industriais, imobiliárias, produtoras de energia e de comunicação, como a TV Aratu e Tribuna da Bahia, jornal que dirigiu de 1970 a 1997. Entre as suas realizações, está a FACDESCO – Faculdades do Descobrimento, instalada nos municípios de Cabrália e Porto Seguro.
            Em 1986 foi eleito para a Assembléia Nacional Constituinte. Uma vez promulgada a nova Constituição em 1988, foi designado Relator do Código de Defesa do Consumidor, diploma legal que, sancionado em setembro de 1990, entrou em vigor em março de 1991.
            Conferencista, orador e articulista, Joaci publicou os seguintes ensaios: Em 2001, A Inveja nossa de cada dia, como lidar com ela; Em 2004, Anatomia do ódio e em 2009, A força da vocação para o desenvolvimento das pessoas e dos povos. Assina uma coluna semanal no jornal Tribuna da Bahia, é comentarista da Rádio Metrópole e consultor educacional das Obras Sociais Irmã Dulce. Tomou posse, em 24 de setembro de 2009 da cadeira nº 7, da Academia de Letras da Bahia, em substituição a Pedro Moacir Maia. É Sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, diretor da Associação Comercial da Bahia e sócio do Instituto Genealógico da Bahia.
Casado com Lídice Ferraz de Góes tem dois filhos: Joaci Filho, empresário, e Alex, cantor e compositor. Tem dois netos, Daniel e Maria Eduarda, gêmeos nascidos do casamento de Joaci Filho com Gabriela Mueller de Góes.



sexta-feira, 6 de novembro de 2015



UESC REALIZA COLÓQUIO INTERNACIONAL EM HOMENAGEM
 AO CENTENÁRIO DE ADONIAS FILHO

A Universidade Estadual de Santa Cruz promoverá, entre os dias 09 e 11 de novembro, o Colóquio Internacional Centenário Adonias Filho, com o tema: literatura, cultura, história e memória. O Colóquio celebrará o centenário de nascimento do autor, ficcionista, ensaísta e crítico literário, através da reflexão, da leitura e do estudo crítico sobre a obra e a vida do escritor homenageado, pela diversidade temática, de gêneros literários e a riqueza de sua prosa ficcional e ensaística.

O evento reunirá escritores, autores, acadêmicos, professores, pesquisadores, nacionais e estrangeiros, artistas e estudantes de graduação dos cursos de Letras, História, Comunicação e mestrandos, para refletir sobre a contribuição de Adonias Filho para cultura nacional, regional e local. O Colóquio constitui-se em efetivo momento de intercâmbio cultural, universitário, inter-relacionando a pesquisa, o ensino e a extensão, em importante espaço de celebração cultural, com a presença de convidados internacionais da Europa e da África, a exemplo do escritor, crítico e ensaísta, Prof. Arnaldo Baptista Saraiva, da Universidade de Porto-Portugal e da pesquisadora e linguista da Universidade Pedagógica de Moçambique, Sarita Monjane, além do Secretário da Academia Brasileira de Letras, Domício Proença Filho.

As inscrições para participar do Colóquio podem ser feitas até o dia 08 de novembro, no endereço eletrônico http://www.uesc.br/eventos/cicaf/. O evento conterá ainda mostra de produtos audiovisuais, sessão de comunicação de trabalhos científicos e sessão de lançamento de livros, em noite de autógrafos com os escritores. O Colóquio é uma realização da Universidade Estadual de Santa Cruz, através da Reitoria, coordenado pela Comissão de Celebração do Centenário de Nascimento do Escritor Adonias Filho, PROEX, Departamentos de Letra e Artes - DLA, Centro de Estudos Portugueses Hélio Simões, Mestrado em Letras - Linguagens e Representações, Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis – DCAC e o Departamento de Filosofia e Ciências Humanas – DFCH.

Contato: Prof. Dr. Fernando José Reis de Oliveira – Coordenador Geral do Colóquio (073-99453756)




SEMINÁRIO 100 ANOS DE JOSÉ CALAZANS: PESQUISAS E PERCURSOS
O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, uma das 15 instituições apoiadas pelo programa de Ações Continuadas, iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) através do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA), promoverá no dia 09 de novembro, o Seminário Centenário José Calazans: Pesquisas e Percursos.


Dia 9 de novembro de 2015 – Auditório do IGHB
14h10 – Palestra:: A Escatologia Cristã no contexto do Movimento de Belo Monte – Prof. Msc. Vanderlei Marinho (IFBA)
14h50 – Palestra: José Calazans e as Pesquisas sobre Canudos – Prof. Dr. Edivaldo Boaventura (IGHB/ALB)
15h40 Debate
16h00 Intervalo
16h15 – Palestra: José Calazans: Mestre e Amigo – Profa. Esp. José Dionísio Nóbrega (IGHB).
17h10 – Lançamento do Documentário Fragmentos de Canudos – no Centenário de José Calazans.  Do cineasta Carlos Pronzato

FRAGMENTOS DE CANUDOS  no centenário de José Calasans depoimento de Dionísio Nóbrega um documentário de Carlos Pronzato
Através do depoimento do pesquisador Dionísio Nóbrega conhecemos a trajetória intelectual do Prof. José Calasans (1915 – 2001), a maior autoridade nos temas canudenses. Gravado em Canudos, Salvador e Aracaju, Dionísio passa revista a aspectos singulares e polémicos da Guerra de Canudos. Neste ano de 2015, em que o Mestre completaria 100 anos, esta obra representa uma oportunidade para enaltecer lhe os méritos como historiador e folclorista, além de reconhecer nele um ser humano especial que a Bahia teve a sorte de adotar como filho.
 “Quem conheceu o Professor José Calasans proximamente reencontra-o na fala de Dionísio, no seu palavreado peculiar ao sertanejo (...) quando Dionísio expõe ideias e conceitos, quando faz palestra sobre a temática apaixonante, traz de volta Calasans, que o escuta embevecido diante da “clonagem”.
Consuelo Pondé de Sena (1934-2015)
Prefácio do livro “Euclides da Cunha e o Sertão de Canudos”
de José Dionísio Nóbrega

SERVIÇO
Seminário Centenário José Calazans: Pesquisas e Percursos
09/11/2015, no Auditório do IGHB
Avenida Joana Angélica, 43 - Piedade
www.ighb.org.br