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terça-feira, 21 de novembro de 2017



         



                          

Herói  dos Palmares

Cyro de Mattos

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Ritmo da liberdade.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Batuque da igualdade.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Canção da fraternidade.

Falo Zumbi,
Digo Palmares
Sem o açúcar insaciável.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
Grito de cor indignada.

Falo Zumbi,
Digo Palmares,
No abismo a África salta. 

Falo Zumbi,
Digo Palmares
Nessa dívida impagável.


*Cyro de Mattos é autor de 43 livros individuais. Organizou dez antologias. Tem doze livros publicados em várias editoras europeias. Membro efetivo da Academia de Letras da Bahia.  Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

sábado, 18 de novembro de 2017

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                   Torcedor na Desportiva    

                                                  Cyro de Mattos             


Penso que um futebol amador de jogadores com boa técnica, que  se exibiam no velho e saudoso Campo da Desportiva, não deveria ficar esquecido. Merece um museu  para que um dos aspectos da nossa memória seja valorizada.  Sirva  para que as novas gerações tomem conhecimento  de que é o homem que faz o lugar e  não o lugar que faz o homem.  Faz-se necessário  que o teor do que acabei de dizer seja explicado melhor. É imperioso que o futebol amador de nossa cidade, na fase áurea,  seja mostrado aos conterrâneos e visitantes, curiosos e estudiosos. Como nasceu e se desenvolveu  com tão boas qualidades técnicas, em seu longo curso de amadorismo. Avaliado nas razões de como jogadores que não eram profissionais, numa época distante do interior baiano, longe de centros esportivos desenvolvidos, como Rio e São Paulo, ou até Recife,  Belo Horizonte e Porto Alegre, deram espetáculos com um potencial técnico surpreendente, movido com arte e emoção.
Jogadores amadores que podiam vestir a camisa de  grandes clubes brasileiros, se tivessem atuando hoje. Não será exagero afirmar que com sorte alguns desses jogadores poderiam chegar  até mesmo à Seleção Brasileira. Cito três: Léo Briglia, Déri e Fernando Riela. Como aconteceu com Perivaldo, que surgiu no declínio do Campo da Desportiva, ou com outros de época mais recente, quando então os meios de comunicação fazem ficar conhecidos os atletas que jogam  em lugares distantes desse imenso Brasil. 
                         Sem ufanismo, sabem como eu os mais antigos desportistas de minha terra natal, vários  deles hoje passando dos setenta anos, que aqueles jogadores amadores escreveram, no piso esburacado de um estádio acanhado, páginas belas de uma das nossas maiores paixões populares. Basta dizer que meio século depois nenhuma cidade do interior da Bahia conseguiu igualar a saga da seleção amadora,  campeã seis vezes seguidas pelo Intermunicipal. Antes de alcançar essa marca, venceu  o Torneio Antonio Balbino, em Salvador, no qual participaram outras boas seleções do interior baiano. .
             Publiquei um livro sobre esse futebol amador  para contribuir um pouco com a preservação dessa memória. Promovi quando gestor cultural da cidade o documentário “Saudosa Desportiva, Gloriosa Seleção”. Sua exibição foi um sucesso. Tocou os corações de muitos,   familiares de jogadores, torcedores daquela época do futebol amador,  curiosos de ontem e hoje. Na tela do palco do Centro de Cultura Adonias Filho,  uma seleção amadora de futebol ressurgiu do fumo do tempo para mostrar  uma das faces da alma do povo brasileiro: o futebol. Jogado com emoção e garra,  classe e algum feitiço no campinho do interior.
           Sempre estou agradecendo àqueles artistas da bola na época de ouro de nosso futebol amador, pelas  alegrias que  deram no velho e saudoso Campo da Desportiva. Deles e do velho campo, com os momentos fascinantes, agradáveis e divertidos,  não  devo esquecer.  Como neste poema que escrevi:

Soneto do Campo da Desportiva - De zinco era coberta a arquibancada /A cancha tinha um piso esburacado./ Nem um pouco essa chuva demorada/Conseguia deixar desanimado/ O torcedor, que curtia a jogada / Do seu ídolo na bola passada./Dos pés a mágica mostrava ser / Tudo um sonho para nunca esquecer./ O gol de placa do atacante quando/ A partida já chegava ao final/E a marca da seleção que venceu/ Tantas vezes o intermunicipal/ Seguiram-me na torcida de meu/ Time pelos estádios do  mundo.   













sábado, 11 de novembro de 2017




Senhoras acadêmicas,
Senhores acadêmicos,

Com grande pesar, comunico o falecimento do professor, historiador e cientista políticoLuiz Alberto de Viana Moniz Bandeira, membro correspondente da ALB, ocorrido  ontem,sexta-feira, dia 10 de novembro,  na Alemanha.
Um dos mais notáveis intelectuais brasileiros e um pioneiro no estudo das Relações Internacionais, Moniz Bandeira estava radicado na cidade alemã de Heidelberg e era cônsul honorário do Brasil. Em 2015, foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura pela União Brasileira de Escritores (UBE), em reconhecimento pelo seu trabalho como intelectual, dedicado a repensar o Brasil. Em 2016, foi homenageado na UBE com o seminário "80 anos de Moniz Bandeira", ocasião em que sua obra foi destacada por importantes personalidades do meio acadêmico, político e diplomático.
Além de influente intelectual, Moniz Bandeira teve uma importante trajetória de militância política, filiado ao Partido Socialista Brasileiro.
 Sua posse como membro correspondente na Academia de Letras da Bahia ocorreu em 8 de agosto de 2000.

Atenciosamente,
Evelina Hoisel
Presidente ALB

quarta-feira, 1 de novembro de 2017



Cyro de Mattos lança “A Casa Verde e Outros Poemas”

Com a presença de presidente da Academia de Letras da Bahia, professora doutora Evelina Hoisel, representante do Instituto de Letras da UFBA, professora doutora Denise Scheyerl, acadêmicos Joaci Goes, Aramis Ribeiro Costa e Florisvaldo Mattos, desenhista Ângelo Roberto, cineasta  Cicero Bathomarco, professora doutora Maysa Miranda, professores, jornalistas e  intelectuais, A Casa Verde e Outros Poemas é o novo livro do acadêmico Cyro de Mattos. lançado no dia 24 de outubro, na sede da Academia de Letras da Bahia, em salvador.  A obra – traduzida para o inglês pelo professor Luiz Angélico. da UFBA,  em um dos seus últimos trabalhos – compõe-se de duas partes. No primeiro momento, o escritor inspira-se na Casa Verde, hoje um museu desativado que revela o passado da conquista e do domínio dos coronéis do cacau, um tempo áureo da civilização grapiúna, especialmente na cidade baiana de Itabuna, local de nascimento do autor e sede do espaço cultural.
O segundo momento é formado pelos poemas “Canto a Nossa Senhora das Matas”, “Um Poema Todo Verde”, “Morcego”, “Boi”, “Galos”, “A Roda do Tempo”, “A Árvore e a Poesia”, “Passarinhos” e “Devastação” (I,II). “De linhagem telúrica são poemas que se inserem, também, nas questões ecológicas dos tempos atuais”, destaca Cyro de Mattos.
Mattos lamenta o não funcionamento do museu para o incentivo da cultural local. “Causa prejuízos de natureza histórico-cultural à comunidade e ao sul da Bahia, o que é lastimável. Documentos valiosos sobre a memória política da cidade estão ali guardados. Reativar, manter e disponibilizar ao público o Museu Casa Verde significa não só preservar a memória da civilização cacaueira com o seu modo singular de vida, mas também possibilita a construção de novos conceitos de manutenção histórico-patrimonial, em sintonia valiosa com o conhecimento autêntico do passado regional”, defende. A falta de incentivo financeiro é um dos principais motivos pelo o seu atual fechamento.