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segunda-feira, 29 de março de 2021

 

Obras de Myriam Fraga

são digitalizadas

 

A poeta e acadêmica Myriam Castro Lima Fraga (1937-2016), que muito engrandeceu a literatura baiana, terá toda a sua obra disponibilizada em site, uma escritora premiada e reconhecida pela força do seu texto poético, sendo a sua obra uma referência e objeto de estudos acadêmicos. Muitos de seus livros tiveram uma edição reduzida e há tempo se fazia necessária a criação de um site onde as publicações em formato de e-book ficassem acessíveis e a sua fortuna crítica estivesse contemplada.

Myriam deixou uma obra com mais de 20 livros publicados entre poesia e prosa, além da participação em dezenas de antologias, no Brasil e no exterior. Assim é que está sendo lançado o Selo Myriam Fraga, pela Editora Oiti, com curadoria de Bete Capinan, e Angela Fraga, sua filha e atual diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, no Pelô. Ele visa divulgar e perpetuar a obra da imortal baiana, especialmente diante da crescente demanda de interesse de estudos em torno da sua poesia e de sua trajetória.

O projeto conta com o apoio financeiro do estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon, pelo Programa Aldir Blanc Bahia, via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Myriam conviveu com importantes escritores e artistas, em especial com o escritor Jorge Amado e o artista plástico Calasans Neto, que ilustrou seus livros e foi um de seus parceiros na criação da lendária Editora Macunaíma. Como administradora e de vida cultural intensa, ela foi uma das instituidoras da Fundação Casa de Jorge Amado, em 1986, e sua diretora por 30 anos; além de acadêmica, foi vice-presidente da Academia de Letras da Bahia, na gestão do centenário da instituição do Palacete Góes Calmon, no bairro de Nazaré, quando presidida pela professora e acadêmica Evelina de Carvalho Sá Hoisel.

quarta-feira, 24 de março de 2021

 

                 A Poesia com Afeto de Afonso Manta

                                                   Cyro de Mattos

                                         

Antologia Poética (2013), de Afonso Manta, é uma publicação da ALBA, editora da Assembleia Legislativa da Bahia, em parceria com a Academia de Letras da Bahia. O livro está inserido na Coleção Mestres da Literatura Baiana. Pela primeira vez um livro do poeta de Poções recebe uma publicação digna de sua lírica. Seus livros tiveram edições por gráficas e editoras pequenas do interior, fazendo com isso que sua poesia circulasse no ambiente de amigos e poucos leitores. Tornaram-se raridades bibliográficas. 

Essa Antologia Poética agora faz jus ao conhecimento e expansão de um poeta que tem um brilho inusitado, capaz de enlouquecer as flores, aprofundar as cores, tornando-se, no trânsito da ternura, como um anjo em voo do infinito.  Chegou a nos dizer que quando essa noite passar com o seu manto de trevas, numa “sinistra gaiola comendo o alpiste do dono... com seus frios caracóis de angústia e desesperança, praga dos que vivem sós... faz teu canto na manhã, que todo dia traz luz. E não é vã, não é vã.”

É fácil perceber que a poesia de Afonso Manta flui pelos caminhos da esperança, da ternura expressa por uma linguagem simples longe do vulgar, ao invés disso se apresentando com a palavra tomada emprestada ao encantamento. Toca-nos sem arroubos, nos versos simples sem pieguismo, encanta o pensamento e o sentimento com leveza, dizendo com nitidez sobre a tristeza diáfana. Nos momentos de sonho produz mel e ingenuidade, que confortam e possibilitam uma carícia de brisa. Em muitos casos usa a rima, a estrofe apoiada no verso que soa e fere a vida através das notas da contradição humana. Mostra a alma fragilizada de um homem sensitivo, que ao se ver no espelho flagra como está cansado de tudo.

Se a poesia no Brasil repercute no século vinte com o que tem de melhor na clave da solidão, intensa nos conflitos, em questões complexas, em Afonso Manta conserva-se nos ares ingênuos, embora de interioridades profundas, como na explícita certeza desses versos:

 

 Vale a pena viver, mesmo sofrendo.

Eu mesmo vivo assim, triste gemendo,

Escravo da ilusão e da beleza.

 

Essa é a maneira do poeta estar na vida com sinceridade, ter como base, apesar da dor, as construções de conteúdo inocente, guardadas pela alma de um cantor prisioneiro do menino, bebedor de umas doses de extravagância, mas sem maldades, a exalar a consciência do dever cumprido, banhar-se com as luzes de uma musa portadora de canários verdes na varanda. Entre a ordem e a vertigem, do viajante que transita para o último gemido, Afonso Manta tece seus poemas de versos harmoniosos. Escreve uma poesia clara, com a alma de um poeta que só precisa de um pouco de sonho para equilibrar-se em seus rumos e rumores loucos, de “estrelas na testa de rapaz” para que suas angústias fiquem serenas. Só assim, com a mansidão das amargas, o poeta se dará por contente.

Se tudo isso aqui onde vivemos é ilusão, para quem queira ler e ouvir a poesia de Afonso Manta vai saber como esse poeta foi um homem digno de seu estar no mundo, corajoso conforta-nos quando assume sua maneira de andar sozinho com os seus versos delicados para o alimento da alma, intenso de saberes, sustentando-o como um homem real, que transita na vida pela rua da solidão e do sonho com matizes do lilás. Vai senti-lo em dado momento aos frangalhos, mas consciente de que não precisa ser rico, nem ter crédito na praça, pois convive com o vento que o agita interior e largado. No poema “O Realejo do Vinho”, esse poeta sabe como a vida é falha, mas basta quando o torna com os cabelos devastados, rosto, sorriso e palavra.

Na fatura do soneto Afonso Manta é modelar, raro inventor de sentimentos na frase iluminada.  Qualquer um deles surpreende pela simplicidade da rima, condução nítida da ideia, o fluxo espontâneo que nos torna cúmplice da palavra simulada com emoção e simbolismo.  Libertos de sua camisa de força imposta pelo formato clássico, vemos como tamanha é a habilidade de sua elaboração por um mestre, que não se veste com a roupa compositiva de sua estrutura fixa. Faz com fluência que transmitam sentimentos doloridos, os ares do que é triste, que se encontrará sempre na paz do espírito redimido.   Assim o poeta procede em “O Rei Afonso”.

 

Aqui, o rei Afonso, o Derradeiro,

Vê naus que não são mais as naus do porto.

São já as naus febris do sonho morto

No mar tão vasto como traiçoeiro.

 

Aqui, o mesmo rei, também chamado

Restaurador do Império Agonizante,

Perde para o inimigo, doravante,

O reino duramente conquistado.

 

O rei, flor-de-lis santa e vulnerável

Ferido pela dor inevitável,

Perdoa a punhalada do assassino

 

E morre sem palavra de desgosto,

Mostrando paz até o fim no rosto,

A mesma paz dos tempos de menino... 

 

Louco esse poeta vestido do pôr do sol, mas que tinha uma rosa na cabeça?  Bicho estranho que não queria morrer enquanto existisse estrelas cintilando no céu e o pássaro cantando? Homem da lua, triste divagando pelas ruas da Bahia? O que tocava o violino nas solidões de sua cidade natal com as cordas do sorriso? Ousado guerreiro, dispersivo, que tudo arriscava num momento veloz e passageiro? Um detentor de humanas paixões, que morreu sereno e forte? 

 Era poeta que tinha um olhar vago, de mendigo e sonhador, de aspecto excessivo de profeta.  Banhava-se nas águas da esperança. Não há quem não desperte enriquecido quando se entra em contato com a sua lírica de alto nível, não se deixe encantar com o prontuário iluminado onde não morre a solidão solidária, imaginada nos toques do amor.  Quanta simplicidade em versos que enleiam, rumorejam com generosidade, primam por relâmpagos que nos mostram da vida verdades. Poeta de alma com doces soluços, brilhantes abraços da cor dos lírios, dos jasmins com seus inebriantes perfumes. Oferta, na chuva que bate nas orelhas, incandescentes ternuras naquele lugar onde a esperança não morre.  

No poema “De Um Rabisco”, de fino humor, os versos como se fossem para serem lidos em dia de riso, Afonso Manta alerta:

 

Há que deixar em paz o poema.

Ou o poema nos afeta.

O poema há de ser perfeito.

Ou ele come o poeta.

 

No seu caso, o poema, por ser perfeito, alimenta a alma, comete a catarse de curar como o melhor alento. 

 

Leitura Sugerida

 

*Antologia Poética, Afonso Manta, Editora da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia – ALBA, em parceria com a Academia de Letras da Bahia, Coleção Mestres da Literatura Baiana, organização, seleção e prefácio de Ruy Espinheira Filho, Salvador, 2013.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 8 de março de 2021

 ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS

RELEASE- ARTE E CULTURA

MARÇO DE 2021

POSSE DA NOVA DIRETORIA DA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS ACONTECE EM 14 DE MARÇO, DE FORMA REMOTA.

Na data regimental de 14 de março, data comemorativa do aniversário do poeta baiano Castro Alves e também do Dia da Poesia, a Academia de Letras de Ilhéus realiza sessão para abertura do ano acadêmico de 2021, ao tempo em que empossa a diretoria para o biênio de 2021 a 2023. A solenidade será presidida por André Luiz Rosa Ribeiro, atual Presidente, que dará posse ao próximo Presidente Pawlo Cidade, e a nova diretoria, formada por Vice-Presidente: Gustavo Cunha, Secretária Geral: Jane Hilda Badaró, 1º. Secretário: Sebastião Maciel, 2º. Secretária: Luh Oliveira, 1º. Tesoureiro: Anarleide Menezes e 2º. Tesoureiro: Leônidas Azevedo. Na oportunidade, o membro da Academia de Letras da Bahia e da Academia de Letras de Ilhéus, Aleilton Fonseca, falará sobre o tema “Castro Alves, entre a pandemia e o cancelamento”. Devido, ao distanciamento social imposto pelos riscos da pandemia do COVID-19, a sessão ocorrerá de forma remota, das 18 às 20 horas, e poderá ser acompanhada pelo Facebook “Academia de Letras de Ilhéus” (pt-br.facebook.com/academiadeletrasdeilheus/).

Uma das mais antiga do Brasil, a Academia de Letras de Ilhéus, fundada a 14 de marco de 1959, mantém acesos, em mais de seis décadas de história, os ideais sonhados por seus fundadores e o propósito expresso no lema do sodalício: “Patriae Litteras Colendo Serviam”, que seja, “ Servir à Pátria Cultuando as Letras”. Neste propósito, a Casa de Abel, assim chamada numa referência ao seu idealizador e fundador, poeta Abel Pereira, segue incentivando e promovendo a cultura, através da realização de conferências, concursos, cursos, premiações, e outras atividades de natureza literária, artística e cultural. Templo da inteligência e do espírito- desde a sua fundação, passaram intelectuais do mais alto quilate, à exemplo de Jorge Amado, Adonias Filho, Zélia Gattai, dentre tantos outros. No mesmo diapasão, encontra-se nos seus membros efetivos atuais, os atributos da intelectualidade - pessoas exponenciais no cenário artístico cultural de Ilhéus e da Bahia, visto que muitos extrapolam esta fronteira e galgam reconhecimento nacional.

PLANO DE AÇÃO E MEMBROS DA DIRETORIA PARA BIÊNIO 2021/2023

O plano de ação traçado para o biênio envolve estabelecer parcerias e filiações com as academias de letras da região, da Bahia e do Brasil; promover os autores da literatura regional; promover sessões literárias, musicais e lítero-musicais; promover eventos e parcerias com universidades e escolas públicas e privadas com vistas à valorização das letras e da arte; aconselhar, contribuir, estimular órgãos públicos nas políticas públicas de cultura; estimular o livro e a leitura como gênero de primeira necessidade; tomar a dianteira do movimento intelectual ilheense nas discussões de políticas públicas para a literatura, a cultura, a ciência e a arte. Entre as metas traçadas destacam-se a realização do Encontro Baiano de Academias de Letras e Artes; Seminário Regional de Literatura Baiano; Bate-papos com escritores; criação de campanhas de estímulo a compra do livro e a leitura; e criação do Boletim da Casa/Academia.

O Presidente a ser empossado para gerir a Academia de Letras de Ilhéus no biênio que se inicia em 14 de março vindouro, é Pawlo Cidade, dramaturgo, escritor com 18 livros publicados, especialista em Educação Ambiental, especialista em Gestão Cultural pela

UESC, especialista em Projetos Culturais pela FGV, ex-conselheiro estadual de cultura, ex-secretário municipal de cultura de Ilhéus, ocupante da cadeira n. 13 da Academia de Letras de Ilhéus, consultor de políticas públicas para cultura e atual Diretor das Artes da Fundação Cultural do Estado da Bahia.

Gustavo Cunha, vice-presidente, é ocupante da cadeira n. 5 da Academia de Letras de Ilhéus, é medico, poeta e autor do livro “Chácara das Tormentas”. Possui especialização em Saúde Pública e em Infectologia. É membro titular da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), docente titular e fundador da cadeira de parasitologia da Faculdade madre Thaís (Ilhéus-Ba), Presidente da Comissão de Controle de Infecção hospitalar do Hospital Costa do Cacau. Médico referência em HIV/SIDA do Município de Ilhéus.

Ocupante da cadeira n. 6 da Academia de Letras de Ilhéus, Jane Hilda Badaró é poeta, artista plástica, advogada e professora do Departamento de Ciências Jurídicas na Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Como jornalista, atuou na imprensa regional, foi assessora de Imprensa da Fundação Cultural de Ilhéus, editora na Ilhéus Revista, colunista do Jornal Diário da Tarde e Folha da Praia. Autora do Livro “ Imagens & Sentimentos: poemas (des) engavetados e pinturas”. Participou de diversas exposições de artes em individuais e coletivas, em Ilhéus, outros Estados e países. Secretária Geral da Academia de Letras de Ilhéus desde outubro de 2017.

Sebastião Maciel é cearense da cidade do Crato, radicado em Ilhéus, cidade que há muitos anos escolheu para viver, trabalhar, estudar e constituir família. Professor, com 50 anos de efetiva regência de classe, na disciplina Língua Portuguesa, tanto na educação básica quanto superior. Ocupa a cadeira n. 2 da Academia de Letras de Ilhéus.

A baiana Luh Oliveira é poeta, professora, Mestra em Letras. Atualmente é pesquisadora do tema Literatura Infantil e Afetividade. Ocupa a cadeira n. 3 da Academia de Letras de Ilhéus. Membro do Mulherio das Letras Bahia e nacional. Ministra workshops virtuais de poesia para jovens, além de promover a literatura regional em lives no instagram. É colunista na Revista Ser Mulher Arte e editora da Vixe Bahia revista. Membro da comissão organizadora do Festival

Literário Sul-Bahia ( FLISBA) . Publicou seis livros infantis e três livros de poesia para adulto. Participação em várias coletâneas.

Anarleide Menezes ocupa a cadeira n. 29 da Academia de letras de Ilhéus. É especialista em Educação e Relações Étnicos Raciais pela Universidade Estadual de Santa Cruz- UESC.Graduada em Letras pela Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna -FESPI, atua como professora de Língua Portuguêsa e Produção Textual. Gestora do Museu da Piedade, dedica-se, há mais de dez anos aos estudos e à prática da museologia, conservação de acervo e educação para conservação do patrimônio. Participa ativamente do cenário cultural da Região Sul da Bahia, promovendo eventos culturais, artísticos, de memória e identidade regional. É Articuladora de Museus do Interior da Bahia, e produtora cultural.

Leônidas Azevedo é médico, professor, e autor de diversos livros de Literatura Infantil, lançados com o selo da EDITUS, editora da Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC. Ocupa a cadeira n. 10 do silogeu. Algumas de suas obras já foram disponibilizadas em braille e fonte ampliada, beneficiando os pequenos leitores com necessidades especiais.

quarta-feira, 3 de março de 2021

 

Nada Era Melhor

Cyro de Mattos

 

Já vai longe o tempo da minha infância na cidade onde nasci. A cidade tinha poucas ruas calçadas, três bairros, o jardim, o cinema, o ginásio e a igrejinha. Seu rio, chamado de Cachoeira, dividia a cidade em duas partes. E uma gente ribeirinha tirava dele o sustento de suas famílias: lavadeiras, tiradores de areia, pescadores e aguadeiros.

Lá naquela cidade distante joguei bola com a turma de queridos amigos nos campinhos improvisados dos terrenos baldios.  Roubei fruta madura nos quintais das casas perto da beira do rio.  Brinquei de mocinho e bandido. Fiz a primeira comunhão e tive a primeira namorada.

Lá também criei vaga-lumes para vê-los à noite piscando no quarto. Nadei como um peixe ágil nos poços bem claros do rio que tinha as águas doces. Andei como um bicho solto, sem ter medo de nada, nos caminhos do mato. Feito pássaro dava cada voo com o vento mais alto. Quando cresci, soube que a infância tem um sabor de fruta doce que acaba quando chega o tempo dos homens.

              Não querendo que aqueles dias vividos com aventuras, descobertas e sustos esplêndidos se perdessem no tempo que se foi, sem que eu percebesse de tão rápido, ficando trancados pelos homens dentro de mim, resolvi então escrever umas breves memórias com pedaços da infância. Nesses episódios que agora procuro contar, tecidos com os fios eternos do sonho, tento compartilhar com você um pouco da aventura da vida. Percorro caminhos e procuro encontrar o menino na fumaça do tempo, mas que ainda pulsa no meu coração porque não se cansou de ser menino. 

            Em Nada Era Melhor (Editus, 2020), cada episódio pode ser concebido como uma história, possui autonomia na sua estrutura, foi reinventado com os elementos tradicionais  de princípio, meio e fim. Como cada um deles é protagonizado por um menino em sua pré-adolescência, tendo como espaço a infância e o lugar onde acontece é a uma cidade do interior baiano, no início da segunda metade do século XX, com personagens secundárias que participam algumas vezes de muitos deles, não se pode deixar de considerar que Nada Era Melhor é também um romance, uma história comprida representativa da vida, ou seja, um romance de iniciação.