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sexta-feira, 4 de agosto de 2023

 

Notícia de João Eurico Matta

 

                        Cyro de Mattos

 

                       

           

João Eurico Matta – Academia de Letras da Bahia

 

 

 

       Conheci João Eurico Matta na  Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, nos idos de 1957.  O ingresso como calouro naquela faculdade  não me dava condição para  me aproximar daquele acadêmico veterano com feição de professor. Era admirado pelos alunos antigos e novos por suas maneiras elegantes, seu saber de bases humanistas. Fazia o quarto ano do curso.  A distância entre o acadèmico calouro e o veterano propiciava-me apenas que se admirasse o mito, cuja inteligência e cultura   passavam  firmeza nas ideias aos outros colegas de sua geração.  Fazia circular  uma energia de seu  espírito comprometido com a cultura,  apreendida através de  procedimentos investigativos e interpretativos dos livros na leitura da vida.       

           Na Faculdade de Direito foi diretor da revista Ângulos, do Centro Acadêmico Rui Barbosa, com eficiente atuação. A revista fora fundada   por  Adalmir da Cunha Miranda, em 1950. Veículo de teor jurídico-cultural tornara-se em pouco tempo muito comentada por sua importância nos meios intelectuais de Salvador. O órgão acadêmico contemplou em suas páginas  textos dos professores Antonio Luís Machado Neto,  Marcelo Duarte, Edivaldo Boaventura,  poeta Florisvaldo Mattos, cineasta Glauber Rocha, acadêmicos de direito Joaci Goes, Davi Sales,  Nemésio Sales,  Noenio Spínola, João Ubaldo Ribeiro  e outros alunos com destaque nos meios intelectuais daquela gloriosa  Faculdade de Direito.

           Graduado em Direito, com sólida formação cultural, a legítima vocação para o ensino universitário iria  aprofundar-se adiante nas estradas do educador,  através de conhecimentos adquridos de filosofia, sociologia, literatura e outros ramos das ciências humanas para que, na sua estrada comprida, pra lá de seus oitenta anos,  as veredas da vida se tornassem  amplas. A estrada larga,  nas conquistas de uma paisagem feita de saber para saber, saber para ser, saber para poder ser. Uma paisagem fecunda em sua praxis e repercussão  nos meios universitários e intelectuais da Bahia.  Chega-se  aos cumes  quando o seu viajante  é reconhecido como Professor Emérito de Administração da Universidade Federal da  Bahia.

           O currículo é invejável, intocável, na área do ensino universitário.  Não cabe aqui com espaço pequeno da crônica relatar os pontos elevados do percurso, levaria tempo. Cabe dizer, sim,  que aqui estou como o jovem recém-ingresso na Faculdade de Direito,  que passou logo a admirá-lo, naqueles tempos  universitários de saudosa memória,  à qual a pasagem dos anos  se encarregou de esfumar,  como faz em  tudo no mistério da vida. O tempo, senhor soberano, que une e dispersa, tudo dá e tudo toma.

           Tornei-me com a passagem dos anos  ainda mais admirador desse intelectual de acumuladas juventudes, ao correr da vida. Associo-me a esse momento de afetividade, por meio de homenagem justa quando o Insttuto Geográfico e Histórico  da Bahia cria a Comenda João Eurico Matta para celebrar o professor emérito. Palmas de pé são dadas pelos admiradores do homenageado por essa iniciativa, que chega em boa hora.  De minha parte agradeço tudo que ele operou de saudável pelo ensino universitário  e cultura de nossa querida Bahia. Autêntico agente formador de gerações e liderança de qualidade.      

 

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