Poemas de Diego Mendes
Sousa
TINTEIROS DO TÉDIO
O que sonhamos
além da partitura
– humanos de partida
não será o destino em chispada?
Não, não será…
e vejamos a guinada!
Nossos olhos tristes
(rumorejar distante de tudo)
E o tempo a atropelar
outros destinos
declinados:
choro de Deus
no horizonte
sem pressa
– céus do suspiro,
banjo de dor –
todos os rios
sem rumo
em declive
como a vida
ainda a explodir
cá dentro de nós,
onde a atmosfera
é um raio
de saudade
ensurdecida?
Chuvas do amanhã,
nuvens e pássaros…
Não, a nossa prece
emoção audível
– harpa ao longe
e intercalada
por mistérios
é um rosto reflexo,
aventura íntima
de uma travessia
oceânica
e incompleta.
O homem, à deriva,
o mar, o abismo,
as tréguas da alma:
o sol
fogo em debandada,
punhalada do tédio,
a mapear tinteiros
e poemas
extremamente
azuis.
Ó desesperados
ambulantes do amor
como as fugas
romeiras
na paisagem!
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TINTEIROS DA PASSAGEM
Tinteiros de pena doída
são os meus nervos
de veia e sangue
contraídos
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TINTEIROS DA MÁGOA
Era tarde, nas escrituras da alma,
noite escura de mágoa,
quando escrevi poemas
sobre a dor
– essa sensação que sempre
me persegue recomposta
de luzes súbitas!
Aves arrebatadas de desejos
e os meus livros que são missais
de sonhos desconsolados:
metafísicas, candelabros, gravidades.
A palavra, ora destino,
é a miséria verdadeira
dos caminhos destampados
de tristezas vulcanizadas:
meu ressentimento terrível,
meus versos de música desigual,
minhas notas de uma solidão supina.
Poeta – trovador dos passos –
espantalho na aurora cravejado
de sombras que verdejam.
DIEGO MENDES SOUSA
Nasceu em Parnaíba, Piauí, em 1989. Começou a
escrever poesia aos quatorze anos de idade. Conquistou o Prêmio Olegário Mariano (incentivo a
Jovens Poetas) da União Brasileira de Escritores, entregue no salão da Academia
Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em outubro de 2009. Publicou, entre
outros, Metafísica do Encanto, Candelabro de Álamo e 50 Poemas Escolhidos. Mantém
o blog de artes PROPARNAÍBA, de alto nível, no qual divulga a boa poesia de
nossas letras, poetas e escritores mais representativos.
Eis algumas vozes expressivas que se manifestaram
sobre a poesia de Diego Mendes Sousa:
“Diego é um poeta solitário, introspectivo e
arredio por natureza. A angústia existencial que às vezes o atormenta é
revelada em “Candelabro”, poema comovente e de grande sensibilidade.”
Tarciso Prado
Diego veio de longe, lá do Piauí,
nordeste do Brasil... Muito moço, 20 anos de idade, que belo! A União
Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro te concede, Diego, o Prêmio Olegário
Mariano, por sua Metafísica
do Encanto.
Parabéns e quanta felicidade. Diego é um poema. Stella Leonardos
Diego, tão jovem, você escreve com muita
propriedade sobre o Amor. Gostei da dedicatória da Metafísica do Encanto ao poeta Gerardo Mello Mourão. Daqui a
30 anos, com a madureza da sua poesia, você será (já é) considerado um dos
grandes poetas deste Brasil. José Santiago Naud
Diego,
sua Metafísica
do Encanto é
de uma beleza formidável, sofisticada, erudita, elevada e carrega dentro do seu
universo de espanto, o canto apaixonado, a voz solitária, o desespero da alma à
Piaf. Messody
Benolie
A
poesia de Diego Mendes Sousa se levanta como um jorro matinal, um arrebatamento
lírico nutrido pelos instantes estilhaçados de um dia explosivo. Ledo Ivo
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