Poesia
na Semana Santa
Cyro de Mattos
Uma
Prece
Bomba a alvejar manso
rebanho,
Fera branca que se
achou Deus,
Cidade grande em galope
amarelo,
Faces levando sede e
fome,
Droga a matar a
maravilha,
Sangue inocente de réu
negro,
Lágrima extirpada de
índio,
Mãos de metralha do
menino,
Pai que apagou a luz do
filho,
Mãe que não quis sentir
a rosa,
Irmão que fugiu do
outro irmão,
Rei que esqueceu a
oração,
Veneno na água, chão e
céu.
Cura-me, ó Deus de todos
os perdões.
Louvemos Baixinho
Para Manuel Bandeira,
em memória
Nasceu numas palhas
O nosso reizinho,
Os matos cheiravam,
O vento embalava.
A Virgem Maria
Sentia como doía
O destino humano
Do filho de Deus.
Quando for um homem
Com o nome de Jesus
De tanto nos amar
Irá morrer na cruz.
Louvemos no Natal
O nosso reizinho
Enquanto ele dorme
Como um cordeirinho.
Tudo
É Mistério
Para Antonio Carlos Vilaça,
em memória
Certa
vez
Ele
me disse
No
Flamengo.
Tudo
é mesmo
Um
mistério.
Três
em Um.
Ser,
não ser
Oscilamos
Na
questão.
Um,
um, um
Fiat luz
Na
voz de Um.
Fria
foice
Em
cada um.
Na
dúvida
Depositando
Tantos
danos,
Há
na morte
Um
final
Que
liberta.
Dor
ou tédio
Derrota-se
No
caixão.
O
temor
De
algo após
Que
não sabe
Enlaça
Esse
ator
Fugitivo
Que
no fardo
Do
mistério
Segue finito.
Na contradição.
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