No Brasil o "I Seminário
Edivaldo M. Boaventura"- Academia Baiana de Educação: homenagem a um
imenso educador
por
Antonella Rita Roscilli
Muito poderà contar Itália sobre o prof. Edivaldo M. Boaventura quem
està escrevendo estas páginas, e que teve o imenso privilegio de conhecer este
grande educador, sempre acompanhado por uma humanidade e gentileza impar junto
à sua esposa Solange. Tive a honra de ter ele como orador durante a minha posse
em 2012 como membro correspondente pela Italia na ALB. Me convidou para
escrever o prefacio da obra dele "Viagens a caminho do saber"
(Quarteto ed.), com a bela capa criada por Daniel Boaventura.
Com ele promovemos em 2017 no IGHB-Instituto Geográfico Histórico da Bahia o
seminário “O Príncipe italiano Umberto di Savoia e a sua passagem na Bahia em
1924” e foi uma grande alegria ter ele na mesa com um texto belissimo, junto ao
ex Governador Roberto Santos, filho do Reitor Edgar Santos que tanto fez para
desenvolver a Universidade Federal da Bahia. E ainda, ter a honra de ter ele
como colaborador desta Revista italiana "Sarapegbe", com artigos
brilhantes. Guardo na minha estante suas preciosas obras.
A "Academia Baiana de Educação" organiza para o dia 10 de dezembro o
I Seminario Edivaldo M. Boaventura, um webinario que visa comemorar os 87 anos
de nascimento de Edivaldo M. Boaventura (Feira de Santana, 10 de dezembro 1933-
Salvador, 22 de agosto de 2018), uma das mais notáveis personalidades do
cenário cultural e educacional baiano e brasileiro contemporâneo, e que deixou
um conjunto de obras e ações de valor incomensurável para o estado da Bahia e o
Brasil inteiro. Profissional dedicado, acreditava firme na Educação como fator
de desenvolvimento e a isso dedicou a própria vida, com alta competência e
coerência e humildade.
O Seminário, organizado por Alfredo Matta teve como anfitrião Astor de
Castro Pessoa, Presidente da Academia Baiana de Educação, e como conferencistas
professores e intelectuais de alto nível profissional como Antonietta Nunes,
Dom Emanuel Amaral, Adriano Eysen, Leda Jesuino, Lidia Pimenta, Adriano Matta,
Francisca de Paula, e do Portugal Miguel Monteiro. Durante o evento foi
lançado o Memorial virtual e houve o pré-lançamento do livro "A criação da
UNEB: Percursos de Edivaldo Boaventura" (ed. Mondrongo), Adriano Eysen,
Bruno Lopes Do Rosario e Lidia Boaventura Pimenta (organizadores).
Professor e educador, Edivaldo M. Boaventura contribuiu na formação de
professores e de profissionais, e orientou milhares de estudantes até o fim da
sua vida. Entre as suas múltiplas atividades, foi escritor, diretor-geral
do Jornal A Tarde, ocupou a cadeira 39 da Academia de Letras da Bahia-ALB
desde 1971, foi Presidente da ALB quando foram reorganizados o site na
Internet, o Arquivo e a Biblioteca da ALB, re-inaugurada por ele no dia 10 de
agosto de 2012 e intitulada a Jorge Amado.
Exerceu funções de importância e destaque na sociedade baiana, como secretário
de Educação e Cultura da Bahia, além de ser fundador e primeiro Reitor da
Universidade do Estado da Bahia (UNEB) com seus muitos Campus que difundiram a
UNEB em vários lugares e cidades do interior da Bahia, assim possibilitando aos
jovens o direito de acesso à educação academica publica, de qualidade e
inclusiva, a sem eles terem mais a obrigação de deixar a própria cidade
para poder continuar com os estudos. Era Membro da Associação Bahiana de
Imprensa (ABI), membro da Academia de Letras Jurídicas da Bahia, membro da
Academia Brasileira de Educação, Membro e Orador Oficial do IGHB, fundador da
Faculdade de Educação da Ufba e Academia de Ciências da Bahia.
Foi pioneiro na introdução dos estudos africanos na educação. Em "A
construção da universidade baiana: origens, missões e
afrodescendência"(ed. Edufba), na página 215 Edivaldo M. Boaventura
escreve: "A educação estaria comprometida se não estivesse assentada na
realidade histórico-cultural da sociedade a que se destina. Firmada nesta
convicção, a Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia, gestão
1983-1987, instituiu a disciplina Introdução aos Estudos Africanos, precedida
do Curso de Especialização em Estudos da História e das Culturas Africanas para
habilitar docentes no ensino dessa matéria. Desenvolvemos uma iniciativa
pioneira e condizente com as tradições afrobaianas."
Entre as muitas e ilustres atividades, não podemos esquecer a criação do
primeiro parque na Bahia, o Parque Castro Alves, em Muritiba, na Fazenda
Cabaceiras, onde o poeta Castro Alves nasceu, a cerca de 150 quilômetros de
Salvador. "Hildérico Pinheiro de Oliveiro trabalhara com Anísio Teixeira,
e foi fundamental nesse projeto. Pedro Calmon também desenhou o que imaginava.
O parque acabou saindo no segundo semestre de 1970. Deixamos a localidade com
quatro salas de aula, então o curso primário completo" disse uma vez. E
depois criou um outro, o importante e belo Parque de Canudos.
No Jornal A Tarde, Edivaldo Boaventura assumiu o cargo de
diretor-geral em 1996. Durante a gestão, ele deu especial atenção ao
projeto A Tarde Educação, inserindo o jornal nas escolas do
interior da Bahia. Orgulhoso Cidadão de Feira de Santana era membro da Academia
Feirense de Letras. Apaixonado estimador do Portugal, foi condecorado pelo
governo de Portugal com a Ordem da Instrução Pública no grau de Comendador,
pelos serviços prestados à educação e cultura nos dois países de língua
portuguesa.
Educador e trabalhador incansável e visionario, jà há muito tempo ele estava
convencido de que a educação a distância é um fator fundamental, ao atingir
áreas e pessoas muito distantes dos grandes centros deste país continental e do
estado da Bahia, que tem mais de 560 mil quilômetros quadrados. "Temos que
ser pelas aprendizagens híbridas, a presencial e aquela a distância; as duas
modalidades devem se complementar" dizia.
Edivaldo M. Boaventura permanece um farol de Luz e viverà para sempre através
seus livros que continuam ajudando milhares de estudantes e estudiosos.
Antonella Rita Roscilli. Lusitanista, jornalista, escritora e tradutora.
Formada na Itália em Língua e Literatura do Brasil e dos países africanos de
língua oficial portuguesa, trabalhou por muitos anos na emissora publica
RAI-Radiotelevisione Italiana. Se ocupa de temáticas interculturais e comunicação. No Brasil faz
parte da Academia de Letras da Bahia e do Instituto Geográfico Histórico
(IGHB), eleita Membro Correspondente pela Itália. No Brasil està vinculada à
UFBA e è pesquisadora do CNPq. Como biógrafa da memorialista Zélia
Gattai, esposa do escritor Jorge Amado, publicou no Brasil obras quais Zélia
de Euá Rodeada de Estrelas (ed. Casa de Palavras), Da palavra
à imagem em “Anarquistas, graças a Deus” e Zélia Gattai e a
Emigração italiana no Brasil entre Séc. XIX e XX com a Edufba, editora
da Universidade Federal da Bahia.
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