Poemas de denúncia sobre
o rio Cachoeira motivam
novo livro de Cyro de Mattos
Águas de meu rio é o novo livro de poesia
de Cyro de Mattos, que acaba de ser publicado pela editora Ibis Libris, do Rio,
com prefácio de Denise Emmer, poeta premiada em concursos expressivos
nacionais, musicista, e um dos nomes importantes da poesia contemporânea
brasileira. O livro é um poema longo dividido em vinte partes em que o poeta
aponta com tristeza, em versos de lirismo agudo, a situação doentia do
Cachoeira, outrora de águas límpidas e peixe em abundância, fonte de sustento
para muitos e lugar de alegrias para meninos e gente grande.
Autor de 64 livros pessoais, entre o
romance, conto, crônica, poema, ensaio e literatura infantojuvenil, o baiano de
Itabuna Cyro de Mattos (cyropm@bol.com.br)
já publicou vinte e dois livros de poesia para o leitor adulto, três deles com
o tema inspirado no Cachoeira, formando uma trilogia do rio com esse Águas emeu
rio. Os outros dois livros da trilogia são Vinte poemas do rio/Twenty River
Poems, tradução de Manuel Portela, e O discurso do rio, constituído de trinta
sonetos, ambos publicados pela EDITUS, editora da UESC. Esses dois livros foram
também editados em Portugal, pela Palimage, de Coimbra, na coleção Palavra e
Imagem, dirigida pelo poeta Jorge Fragoso.
Vinte Poemas do rio foi adotado por três
anos para o vestibular da Universidade Estadual de Santa Cruz. Pequeno livro de
versos cativantes, vem sendo estudado em escolas e universidades. Seus poemas
foram declamados pelos alunos da Escola São Jorge de Ilhéus no Teatro de Ilhéus
para um público que lotou as dependências do auditório.
Do livro Águas de meu rio é o poema VIII
em que o poeta revela as suas relações afetivas com o rio de sua infância, quando
o cenário era de pureza e alegria.
Leiam abaixo o poema.
VIII
aprendi a nadar em tuas águas
aprendi a mergulhar em tuas águas
aprendi a pescar em tuas águas
aprendi a sorrir em tuas águas
aprendi a cantar em tuas águas
aprendi a saltar em tuas águas
aprendi a flutuar em tuas águas
aprendi a dormir em tuas águas
aprendi a sonhar em tuas águas
enquanto as nuvens passavam
as borboletas voavam em bando
não querias que eu esquecesse tuas
águas
O Poeta e o Rio
Afonso Manta
E
vendo as águas do rio
e
outras águas renhidas
o
poeta Cyro reinventa
o
mistério de nossas vidas.
Cyro
de Mattos observa as lavadeiras quando
antigamente
lavavam as roupas e estendiam
nas
pedras, que ficavam coloridas.
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