Dois
Poemas na Semana Santa
Cyro
de Mattos
Via
impiedosa
Cuspido
no caminho
por
onde passa respinga
sangue
dos espinhos
que
a carne perfura.
Do
ódio não desistem
gargantas
que apedrejam,
uma coroa sabe a dor
do vento nas manadas
sem rumo enfurecidas.
Todos os rancores
vergastam no rosto,
abomináveis renegam
a união como verdade.
Tudo é solidão, é dor,
o mundo que se cala
com a surra desferida
no rei único do perdão.
Pelas ofensas cometidas,
sei que não sou digno
de entrar em tua morada,
mas basta uma só palavra
para que eu seja salvo.
Em tuas mãos entregue,
faz de mim tua criatura,
recolhe-me da injusta onda
entre vilezas tantas vezes
tingindo de roxo o coração.
Canto de Amor
terrestre
fez-se abrigo
na
flor da comunhão,
de
braços abertos
clamas
como cacto
em
amanhecer áspero
de
vento sem querer
teu
gesto da fraternidade.
E
dignos não somos
de
olhar este rosto
que
pende no amor
do
sangue derramado.
Solitários
caminhos
sem ternura cruzamos
sem
querer ouvir tua voz
onde
tudo é amor e perdão.
De
teu canto do bem
pelos
que têm fome e sede
há
o sentimento que vem,
pode
ir-se no dilema do pacto.
Das
tuas boas obras fica
o
impacto mais poderoso
do
ofertar do que em receber.
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