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domingo, 8 de junho de 2014

O Torcedor na Desportiva



Penso que um futebol de jogadores com boa técnica, que  se exibiam no velho e saudoso Campo da Desportiva, não deveria ficar esquecido. Merece um museu  para que um dos aspectos de nossa memória seja valorizada.  Estudos para que as novas gerações tomem conhecimento  de que é o homem que faz o lugar e  não o lugar que faz o homem.  É preciso que seja explicado melhor. Como nasceu e se desenvolveu com tão boas qualidades, em seu longo curso de amadorismo. Avaliado nas razões de como jogadores que não eram profissionais, numa época distante do interior baiano, longe de centros esportivos desenvolvidos, como Rio e São Paulo, ou até Recife,  Belo Horizonte e Porto Alegre, deram espetáculos com um potencial técnico surpreendente, movido com arte e emoção. Jogadores amadores que podiam vestir a camisa de  grandes clubes brasileiros, se tivessem atuando hoje. Não será exagero afirmar que com sorte alguns desses jogadores poderiam chegar  até mesmo à Seleção Brasileira. Como aconteceu com Perivaldo, que surgiu no declínio do Campo da Desportiva, ou com outros de época mais recente, quando então os meios de comunicação fazem ficar conhecidos os atletas que jogam  em lugares distantes desse imenso Brasil. 
                         Sem ufanismo, sabem como eu os mais antigos desportistas de Itabuna, alguns deles hoje passando dos setenta anos, que aqueles jogadores amadores escreveram, no piso esburacado de um estádio acanhado, páginas belas de uma das nossas maiores paixões populares. Basta dizer que meio século depois nenhuma cidade do interior da Bahia conseguiu igualar o feito da seleção amadora de Itabuna, campeã seis vezes seguidas pelo Intermunicipal. Antes de alcançar essa marca, venceu  o Torneio Antonio Balbino, em Salvador, no qual participaram as boas seleções de Feira de Santana, Ilhéus, Santo Amaro, São Félix e Alagoinhas.
             Publiquei o livro “O Velho Campo da Desportiva” para contribuir um pouco com a preservação dessa memória. E, quando fui presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania,  promovi o documentário “Saudosa Desportiva, Gloriosa Seleção”, dirigido pelas talentosas cineastas Adrian Greyce e Paula Martins. A exibição desse documentário  foi um sucesso. Juntamente com a distribuição do DVD e de exemplares do meu  livro, encheu as dependências do Centro de Cultura Adonias Filho. O documentário “Saudosa Desportiva, Gloriosa Seleção” tocou os corações dos que compareceram ao evento, familiares de jogadores, torcedores daquela época do futebol amador, curiosos de ontem e hoje. Naquela oportunidade, uma seleção amadora de futebol ressurgiu do fumo do tempo para mostrar na tela uma das faces da alma do povo brasileiro: o futebol. Jogado com emoção e garra, classe e algum feitiço no campinho do interior.
           Sempre estou agradecendo àqueles artistas da bola na época de ouro de nosso futebol amador, pelas  alegrias que me deram no velho e saudoso Campo da Desportiva. Deles e do velho campo, que tinha a arquibancada coberta de zinco, não posso, não  devo esquecer.  Como neste poema que acabo de escrever e divulgo a seguir:  

                                           

                    
                     Soneto do Campo da Desportiva

De zinco era coberta a arquibancada,
A cancha tinha um piso esburacado.
Nem um pouco essa chuva demorada
Conseguia deixar desanimado

O torcedor, que curtia a jogada
Do seu ídolo na bola passada.
Dos pés a mágica mostrava ser
Tudo um sonho para nunca esquecer.

O gol de placa do atacante quando
A partida já chegava ao final
E a marca da seleção que venceu 

Tantas vezes o intermunicipal
Seguiram-me na torcida de meu
Grito feliz com o futebol no mundo.   




                             

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