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quarta-feira, 22 de julho de 2015



Encontro com João Eurico Matta


                               Por Cyro de Mattos


Conheci João Eurico Matta na  Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, nos idos de 1958.  O ingresso como calouro naquela faculdade  não me dava condição para  me aproximar daquele acadêmico veterano com feição de professor,  admirado pelos alunos antigos e novos por suas maneiras elegantes, seu saber, cursando os últimos anos.  Propiciava, assim, que eu admirasse  o mito, cuja inteligência e cultura   passavam  firmeza nas ideias aos outros colegas de sua geração.  Uma  energia de seu  espírito comprometido com a cultura, apreendida através de  procedimentos investigativos e interpretativos na leitura da vida.       
Na Faculdade de Direito foi diretor da revista Ângulos, do Centro Acadêmico Rui Barbosa, órgão representativo dos alunos. Teve atuação exemplar. Fui, na época, secretário de imprensa e editor do jornal A Palavra, do Centro Acadêmico Rui Barbosa.  A revista fora fundada   por  Adalmir da Cunha Miranda, em 1950. Veículo de teor jurídico e cultural tornara-se em pouco tempo muito comentada por sua importância nos meios intelectuais de Salvador,  Contemplou em suas páginas  textos dos professores Antonio Luís Machado Neto,  Marcelo Duarte, Edivaldo Boaventura,  poeta Florisvaldo Mattos, cineasta Glauber Rocha, acadêmicos de direito Joaci Goes, Davi Sales,  Nemésio Sales,  Noenio Spínola, João Ubaldo Ribeiro, Ildásio Tavares  e outros alunos com destaque naquela gloriosa  Faculdade de Direito.
Graduado em Direito, com sólida formação, a legítima vocação para o ensino universitário iria  aprofundar-se   adiante através de conhecimentos de filosofia, sociologia, literatura e outros ramos das ciências humanas para que hoje, do  alto de seus oitenta anos,  a estrada se tornasse comprida, larga nas conquistas de uma paisagem feita de saber para saber, saber para ser, saber para poder ser. Uma paisagem fecunda em sua praxis e repercussão  nos meios universitários e intelectuais da Bahia.  Chega aos cumes  quando o seu viajante  é reconhecido como Professor Emérito da Universidade Federal da  Bahia..
O currículo é invejável, intocável, na área do ensino universitário.
O encontro agora é de afetividades e felicitações, não cabe relatar os pontos elevados do percurso, levaria tempo. Quem está aqui é o jovem recém ingresso na Faculdade de Direito,  que passou logo a admirá-lo, naqueles idos universitários de saudosa memória,  aos quais  o tempo se encarregou de esfumar,  como faz em  tudo no mistério da vida.
           Tornei-me com a passagem dos anos  ainda mais admirador desse intelectual oitentão, de acumuladas juventudes.
Contente acabo de chegar de Itabuna, minha cidade. Como representante, também, do Pen Clube do Brasil, o tempo disse que eu estivesse aqui nesse encontro com uma criatura rara. Nesse momento de afetividade, felicitações que são dadas no entrelaço da vida ao  estimado oitentão. A Bahia agradece por tudo que  fez   na área do ensino universitário  e na progressão da nossa cultura. Como autêntico agente formador de gerações e liderança de qualidade.

(Fala pronunciada  no almoço de adesão em homenagem aos 80 anos do  doutor professor João Eurico Matta, membro da Academia de Letras da Bahia, no Restaurante do Yacht Clube da Bahia, Salvador, em 16.06.2015) .


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