CARTA AOS MEMBROS DA
ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS ACOMPANHADA DO CURRÍCULO DE VIDA DE
ALEILTON FONSECA E
SEU PEDITÓRIO DE VOTOS
Salvador, 30 de agosto de
2016.
Caríssimos acadêmicos, amantíssimas
acadêmicas:
As Letras constituem um
campo de ação e criação cultural, cujo mister mais elevado é cultivar o idioma
e a convivência humana, através dos discursos da prosa, do drama e da poesia –
tríade fundamental da literatura, desde a Arte Poética de Aristóteles.
Como cidadãos do mundo, de
um país, de um estado, de uma cidade, habitamos uma pátria, – noção simbólica
que nos reúne num mesmo solo de vivências, – e à qual somos chamados a servir.
Essa ideia se redefine, na atualidade, como um corpo coletivo, heterogêneo e
plural, que se quer inclusivo e participativo, legitimando os diferentes
ofícios e modos de existir e viver em sociedade.
Nesse lugar de múltiplas identidades, as
diferenças e as alteridades desabrocham como flores díspares de um mesmo
jardim, em convívio que se quer fraterno, produtivo e democrático. Somos todos
irmãos de ofício e ideal. Para servir à pátria, exercemos o cultivo das Letras.
Por força de um desígnio inescapável, dedicamos um valioso tempo de nossas
vidas a projetos de criação de textos e discursos capazes de mobilizar leitores
e ouvintes em torno de temas que suscitam leituras, polêmicas, reflexões,
debates e, sobretudo, a fruição estética e o aprimoramento do intelecto e das
emoções.
A literatura mobiliza, de
modo integrado e indissociável, a razão e a emoção, estimulando o equilíbrio do
ser, através da reflexão sobre o mundo real e do amadurecimento de seu aparato
psicológico. Na recriação vicária da ficção, na emulação da vida no drama, na
afetividade do discurso lírico nos encontramos todos, nos identificamos e nos
humanizamos, pela epifania da verossimilhança e pela catarse reparadora de
nossas energias vitais. A literatura é, por sua própria natureza, uma ação
humana compartilhada, uma troca fraterna de experiências e saberes acumulados
ao longo de séculos de cultura, de geração a geração.
Essa condição se concretiza através da
representatividade coletiva no corpo da agremiação acadêmica. Desde os gregos,
a Academia é o lugar do exercício do corpo e da mente, sob o ideal que os romanos
fixaram no lema: mens sana in corpore sano. Como parte dessa tradição secular,
a Academia de Letras de Ilhéus constitui, em nossa terra, uma confraria
dedicada ao cultivo, à transmissão e à celebração dos legados ancestrais.
A Academia é um colar simbólico
de quarenta elos. Quando um de seus insignes titulares parte dessa vida, um elo
se parte na corrente acadêmica. Um lugar fica vazio e clama pela sucessão, em
louvor da memória do extinto e do porvir da confraria. O colar acadêmico da ALI
perdeu, entre outros, o vigésimo quarto elo. Esse elo que ora lhe falta é a voz
prodigiosa do saudoso jornalista, crítico e ficcionista Hélio Pólvora de
Almeida. Uma perda irreparável para a Academia e para a literatura brasileira.
Essa consciência se impõe, para mim, como um chamado visceral. Portanto, movido
pelo apreço à memória do escritor Hélio Pólvora, e motivado a servir à causa
acadêmica, eu me apresento candidato ao vosso voto para suceder ao elo que
partiu, na notável Cadeira nº 24 da Academia de Letras de Ilhéus.
Como escritor grapiúna,
nascido em Firmino Alves-Bahia, em 1959, cresci em Ilhéus, como filho adotivo
dessa magnífica terra, e sou ilheense de coração. Em 1963, cheguei a Ilhéus, no
seio de minha família, aos 4 anos de idade. Aprendi as primeiras letras, fiz as
leituras iniciais, e comecei a vida literária. Entendi-me por gente em Ilhéus.
Em 1979 parti para o mundo, e segui por tantos lugares, até trilhar os caminhos
que sempre me trazem de volta ao convívio dos parentes e dos amigos. Trago o
mapa e os caminhos de Ilhéus em minha mente e em minhas veias. Desde criança
respiro essa cultura e essa condição existencial. Batizo-me todo ano nas águas
de ferro do mítico Rio Cururupe. E por onde vivo e passo, levo em minha alma os
aromas das matas, as cores dos rios, os arrulhos do mar e o gosto da terra e
dos manguezais. Este sentimento brota do fundo do coração e da alma, – e me
motiva e me convoca para o convívio com os meus semelhantes, diletos e diletas
titulares das letras ilheenses.
Essa união criativa e
cordial pode-se realizar como um compromisso de vida, se, em sua soberana
deliberação, os dignos eleitores e as dignas eleitoras da ALI houveram por
justo me honrar com a titularidade da cadeira nº 24 desse glorioso sodalício.
Se eleito por vós, estarei ungido no sonho e na poesia, ao realizar o desejo de
comungar com vossos ideais e vosso mister.
Apresento-me, pois, para contribuir e somar
com os acadêmicos da ALI, honrando o seu lema: PATRIAE LITTERAS COLENDO SERVIAM
– Servir à Pátria Cultivando as Letras”. Ofereço-vos, com humildade e alegria,
os préstimos de meus sonhos de construir e confraternizar através das nossas
letras grapiúnas e brasileiras, na seara da reflexão e da criação e divulgação
da poesia, da ficção e da ensaística de nossa terra.
Minha atuação docente e literária sempre
esteve e sempre estará comprometida com o cultivo e a valorização do nosso
ethos literário e cultural, nossas raízes e nosso porvir. Para tanto, eu vos
peço a honra de vosso voto.
Atenciosamente,
Aleilton Santana da Fonseca
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CURRÍCULO
DE VIDA DE ALEILTON FONSECA
Aleilton Santana da Fonseca nasceu em Itamirim, hoje cidade de
Firmino Alves, Bahia, em 21 de julho de 1959. Seu pai, um pequeno agricultor;
sua mãe, uma professora primária. Casado há 32 anos com Rosana Maria Ribeiro
Patricio, professora universitária, tem dois filhos: Diogo Ribeiro da Fonseca
(31 anos, doutorando em Administração Pública - UnB) e Raul Ribeiro da Fonseca
(27 anos, fisioterapeuta e acadêmico de Medicina – EBMSP-Bahia).
Aleilton Fonseca, desde os 4 anos de idade viveu a infância e
adolescência em Ilhéus, com a mudança de sua família. Em 1979 seguiu para
estudar em Salvador, onde fixou residência. Em Ilhéus cresceu, tomou
consciência de si, estudou, tornou-se ilheense por adoção, formação e afeto.
Retorna regularmente à cidade, para visitar familiares e amigos de infância. A
partir dos 17 anos, ainda em Ilhéus, passou a escrever e a publicar em jornais
e revistas. Atualmente sua produção literária abrange romance, conto, poesia,
crítica e ensaio. É graduado em Letras pela Universidade Federal da Bahia
(1982), com mestrado pela Universidade Federal da Paraíba (1992) e doutorado
pela Universidade São Paulo (1997). Foi Professor da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista, de 1984 a 1998. A partir de 1999, passou a lecionar na
Universidade Estadual de Feira de Santana. É professor Pleno (Titular) de
Literatura Brasileira na graduação em Letras e no Curso de
pós-graduação Mestrado em Estudos Literários, e
desenvolve pesquisas sobre as relações entre literatura, imagens
urbanas e ecologia. Lecionou, como professor convidado, na Université d’Artois,
na França, em 2003. Participa regularmente de eventos literários
e científicos no Brasil e no exterior, como conferencista, pesquisador e
escritor. Proferiu palestras
em diversas universidades brasileiras e em instituições estrangeiras, como
Sorbonne, Nanterre, Rennes, Tour, Toulouse e Nantes (França), na
Universidade de Budapeste (Hungria) e Università del Salento
(Lecce/Itália).
Foi coeditor de Iararana -
Revista de arte, crítica e literatura, editada em Salvador, de 1998 a 2007. É
coeditor de Légua e Meia, Revista de
literatura e diversidade cultural, da UEFS. Faz parte da Comissão Editorial da Revista da Academia de Letras da Bahia e
de outras revistas literárias e acadêmicas. É correspondente da revista
francesa Latitudes: cahiers lusophones. Recebeu um dos Prêmios
Culturais Fundação Cultural da Bahia – 3º lugar (1996), o Prêmio Luis Cotrim
(ALJ, 1997), o Prêmio Herberto Sales (ALB, 2001) e o Prêmio Marcos Almir
Madeira (UBE-RJ, 2005).
Em 2013 recebeu o título de Professor de Honra de Humanidades, pela Universidad
del Norte, em Assunção, Paraguai. Em
2014, recebeu o Troféu Carlos Drummond de Andrade (Itabira-MG),
a Medalha Luis Vaz de Camões (Núcleo
Académico de Letras e Artes de Lisboa) e
a Comenda do Mérito Cultural, da Secretaria da Cultura, do Governo do Estado da
Bahia. Também recebeu a Medalha
Pedro Calmon (ABI -Bahia, 2002), a Medalha Euclides da Cunha (Academia
Brasileira de Letras, 2009) e a Medalha Arlindo Fragoso (Academia de Letras da
Bahia, 2010). Publicou poemas, contos e artigos em diversas revistas, como as
francesas Latitudes: cahiers
lusophones (Paris), Autre
Sud (Marselhe), Crisol (Nanterre) e Plural/Pluriel (Nanterre) e L'Ampoule (Bordeaux). Tem diversos
livros e artigos publicados no Brasil, e em outros países como Portugal, França,
Bélgica, Quebec/Canadá, Estados Unidos e Itália.
Em
2009, ao completar 50 anos, foi homenageado pelo Lycée des Arènes (Toulouse,
França), pelo Instituto de Letras da UFBA (Projeto o escritor e seus múltiplos)
e pela ALB (mesa redonda). Coordena o
Curso Castro Alves/Colóquio de Literatura Baiana, da ALB (2005-2015). Tem
diversos livros e artigos publicados no Brasil, e em outros países como França,
Bélgica, Canadá, Estados Unidos, Itália, Uruguai e Paraguai. Seu romance Nhô Guimarães foi adaptado para o teatro
pela Companhia Baiana de Teatro, Grupo Criaturas Cênicas, em 2009. Em 2013
recebeu o título de Professor de Honra de Humanidades, pela Universidad del
Norte, em Assunção, Paraguai. Em 2014, Recebeu o Troféu Carlos
Drummond de Andrade (Itabira-MG), a Medalha Luis Vaz de Camões (Núcleo
Académico de Letras e Artes de Lisboa) e
a Comenda do Mérito Cultural, concedida pela Secretaria da Cultura, do Governo
do Estado da Bahia. Também recebeu as medalhas Pedro Calmon
(Associação Baiana de Imprensa, 2002), Euclides da Cunha (Academia Brasileira
de Letras, 2009) e Arlindo Fragoso (Academia de Letras da Bahia, 2010). É membro da Academia de Letras da Bahia, da
Academia de Letras de Itabuna, da União Brasileira de Escritores-SP e do PEN Clube
do Brasil. Integra a Association Internationale de la Critique Littéraire,
sediada na França, da qual foi vice-presidente para América do sul, em
2013-2014.
PEDITÓRIO
DE VOTO
De: "Aleilton
Fonseca"
Enviada: 2016/08/31
Para: Cyro de Mattos
Assunto: PEDITÓRIO DE VOTO
Enviada: 2016/08/31
Para: Cyro de Mattos
Assunto: PEDITÓRIO DE VOTO
Caro Cyro de Matos
envio-lhe esta missiva:
já estamos acertados
para a data decisiva.
Vem aí o dia certo,
todos hão de votar,
e assim eu espero
a eleição alcançar.
Eu terei muita alegria
de ser ali seu confrade,
na prosa e na poesia,
com afeto e amizade.
Mando-lhe esta carta
tomo papel e anoto
e faço logo a marca:
conto com o seu voto.
Aleilton Fonseca
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PEDITÓRIO
DE VOTO
De: Cyro de
Mattos
Enviada: 2016/08/31
Para: Aleilton Fonseca
Assunto: RE: PEDITÓRIO DE VOTO
Enviada: 2016/08/31
Para: Aleilton Fonseca
Assunto: RE: PEDITÓRIO DE VOTO
Segue
abaixo minha resposta, abraço, cyro.
Meu caro amigo Aleilton,
Nem precisava me pedir,
Conte comigo desde ontem,
Não há melhor do que você.
Ficcionista, cronista, poeta, ´
Numa escrita cheia de amor.
Ensaísta, traduzido, laureado,
Na área das letras doutor.
Firmino Alves é alegria
Com o seu filho escritor,
Você em nossa Academia
Ilhéus tem mais esplendor.
Por isso, caros confrades,
Na hora e na vez da eleição
Votar nesse grande homem
É fazer o bem com a razão.
Cyro de Mattos
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