Natal das Crianças Negras
Cyro de Mattos
(Em Seis Idiomas)
1- Natal das
Crianças Negras
Cyro de Mattos
Eles
moravam no morro, a irmã era chamada de Bel, o irmão de Nel. Bel não recebia da vida a doçura feita com mel.
E Nel não vivia a vida, lá no alto morro, como se estivesse no céu. A mãe deles
chamava-se Maria. Vestia trajes simples, gastos pelo uso diário. Nunca vestiu
um manto azul feito de seda para brilhar no dia, como se via na igreja com a
imagem da Virgem Maria.
A mãe de Bel e Nel era lavadeira. Tinha as mãos
grossas de calo de tanto bater roupa na correnteza de águas límpidas. Durante a
semana descia o caminho pelo barranco com a bacia de roupas sujas na cabeça. Quando chegava à beira do rio, colocava
a bacia de roupas em uma pedra grande, junto ao areal. Não demorava e começava
a tirar as roupas da trouxa. Molhava, ensaboava, esfregava, lavava e torcia.
Estendia as roupas nas pedras pretas para secar ao sol. As pedras pretas,
cobertas de roupas estendidas, de repente apareciam coloridas naquele trecho do
rio.
O
pai de Bel e Nel chamava-se José, era
carpinteiro. Sabia usar com habilidade os
instrumentos de trabalho: martelo,
serrote, enxó, plaina e formão. Suas mãos pequenas faziam cadeira,
mesa e banco. Consertavam porta, janela e portão. No mês que Bel completou seis
anos de idade, o carpinteiro José começou a sentir dores na espinha. Os ossos inflamados, as mãos trêmulas, o corpo todo doía. À noite no
quarto gemia. O coração dele foi diminuindo o amor que tinha por São José, o
padroeiro da cidade, por causa da doença que o afligia. Até que um dia o pai de Bel e Nel perdeu para sempre sua constante fé em São José, o
santo protetor dos carpinteiros.
O
tempo de Natal era chegado. Nel queria um avião grande, Bel uma boneca que
chora. Viram o velho gordo com o rosto rosado pela primeira vez na televisão da
loja. Carregava um saco de brinquedos
nas costas. Tinha a barba branca e os cabelos sedosos. Vestia uma roupa
vermelha. Calçava botas pretas. Numa das cenas em que aparecia na telinha, deixava
escapar do rosto rosado um sorriso que transmitia uma sensação de alegria e paz
a cada criança que ia falar com ele e receber o seu carinho. Os meninos no passeio da loja não tiravam os olhos da televisão. Comentavam
que o velho dava brinquedos à criançada sem querer
nada de volta. Eles sorriam quando o velho aparecia com as roupas folgadas na
telinha. Olhinhos deles todos no querer, como que encantados cintilavam.
Com
olhinhos espertos e risinhos que enchiam os dentinhos, Bel e Nel foram olhar a árvore
enfeitada com bolinhas e luzinhas,
armada em um dos cantos da loja. À noite as luzinhas acendiam e
apagavam. A estrela no alto comovia. Descobriram depois o presépio em outro canto da loja, com os camponeses,
pastores e bichos. Ficaram admirando o
pequeno estábulo do presépio, que tinha o teto coberto de folha de palmeira. Um galo de crista vermelha estava
no telhado. Uma estrela brilhava na
cumeeira, toda acesa de Deus. Nossa Senhora e São José mostravam os semblantes
felizes, ao lado de Jesuscristinho, que dormia o sono bom no berço puro e quente,
feito de palha. E os três reis magos,
ali no presépio, davam a entender que
não eram dignos de tocar na palha onde
Jesuscristinho dormia o sono sereno.
Sentados no meio-fio do passeio da loja, Bel e
Nel escutavam agora a musiquinha que
saía alegre pelo alto-falante no poste. De vez em quando o alto-falante baixava
o som. Então a musiquinha fazia um
fundo musical no mesmo instante em que entrava a voz pausada do locutor. A voz dele informava que vinha de Belém a estrela mais bela. Fora trazida
pelas mãos da maior madrugada. Seu brilho imenso descaía do céu e vinha
iluminar a relva onde os bichos anunciavam e cantavam o nascimento do menino Jesus.
A voz do locutor ficava emocionada quando comunicava que naquele dia o menino pobre nascia no estábulo.
Esse menino Deus vinha para afugentar o
mal de toda a terra. A voz doce do
locutor terminava a mensagem de paz
eterna com mais emoção no final quando então revelava que os sinos do mundo
inteiro nessa hora tocavam: É Natal! É
Natal!
O alto-falante voltava a tocar a musiquinha alegre, acompanhada
dessa vez de uma cantiga cativante. Bel
e Nel continuavam sentados no meio-fio do passeio. Recebiam o sopro da brisa que circulava na rua, ao
final do dia. A brisa suavizava os rostos deles dois em silêncio, enquanto seus
pequenos corações eram tocados pela cantiga que se repetia e começava assim:
Botei meu sapatinho
Na janela do quintal.
Papai Noel deixou
Meu presente de Natal...
Dizia a cantiga ainda mais, que o velhinho sempre visitava o quarto de cada menino onde deixava, ali, um brinquedo como presente naquela noite especial. Seja rico,
seja pobre, seja branco, seja preto, como
Bel e Nel, o velhinho sorridente e bondoso não esquece de ninguém.
Bel e Nel colocaram os chinelos na janela do quarto.
Nada acharam no outro dia. Do ponto mais alto do morro ficaram olhando as
nuvens alvas, trafegando no céu como grandes almofadas. Umas nuvens menores desenhavam
brinquedos enquanto iam passando mansas diante
dos olhos tristes deles dois.
Eles viam nesse instante a cidade lá embaixo, aos seus
pés. Imaginavam a algazarra da manhã festiva. No passeio, no jardim, em
qualquer canto da casa. Cada menino o brinquedo exibia. Saltava, dançava, corria,
sonhava, voava, sorria.
Então souberam como o mundo dava as costas a Jesus.
Não queria ver Maria. Escondia-se de José.
O Natal era a lágrima que pelo rosto deles dois descia.
E uma canção
desfazia.
2 - THE
BLACK CHILDREN’S CHRISTMAS
A short story by Cyro de
Mattos
Translated by Fred Ellison
They lived up on the hill, the sister
was named Bel, her brother Nel. Life for
Bel had none of the sweetness of milk and honey. And Nel knew all about the
hard life, he would go to the top of the hill, as if he were in heaven. Their
mother was called Maria. Her dresses
were very plain and worn out with daily
use. She never wore a blue silk cloak that shimmered in the daylight, like
you’d see in church with the Virgin Mary’s image.
Bel and Nel’s mother took in washing. Her hands were calloused and thick from always pounding clothes in the clear flowing water. During the week she’d come down the steep path along the river bank
with the can of dirty clothes on top of her head. When she got to the river’s
edge, she would set the can of clothes down on top of a big rock, near the
sandbar. She wasted no time taking the
clothes our of her bundle. She’d wet them, soap them, rub, rinse, and wring
them. Then she’d lay the clothes out on
the black stones to dry in the sun. The black stones, covered with clothes all
laid out, suddenly looked
many-colored along that stretch of the
river.
Bel and Nel’s father was called José, he was a carpenter. He
was skilled in the use of the tools he worked with: hammer, saw, adze, plane, and chisel. His small hands made chairs, tables, benches.
They could fix doors, windows, gates.
The month that Bel reached six years of age, José the carpenter began to
feel pains in his back. Inflammation in
his bones, trembling of his hands, his whole body hurting. At night, in his room he’d moan. In his heart
there was less and less room for the
love he used to have for Saint José, the city’s patron saint, because of the
sickness afflicting him. Finally, one
day, Bel and Nel’s father lost forever his steady faith in Saint José, the
saint protector of carpenters.
Christmastime had come. Nel wanted a big airplane, Bel a doll
that would cry. They saw the round figure of the old man with his pink cheeks
for the first time on the television at the store. On his back he was carrying a bagful of
toys. He had a white beard and his hair
was silky. He was wearing a red suit, he
had on black boots. In one of the scenes in which he appeared on the tiny
screen, he made his pink face into a smile that conveyed a sense of happiness
and peace to every child who went up to talk with him and be held. The kids standing on the sidewalk outside the
store couldn’t take their eyes off the television. They noted that the old man gave toys to all
the kids, without wanting anything in return.
They would smile when the old man appeared on the TV screen dressed in
his ample robes. Their little eyes all
fixed upon their wishes, they seemed to sparkle with enchantment.
Alert of eye and with giggles behind their little teeth, Bel
and Nel went inside to look at the tree, decorated with little balls and tiny
lights, set up in one of the corners of the store. By night the tiny lights would go on and
off. The star at the top made them
marvel. Next they discovered in another
corner the Nativity scene, with field hands, shepherds and animals. They stood admiring the little stable in the
manger, whose roof was covered with palm leaves. A rooster with a red comb was
on the roof. On the ridgepole, a star was all aglow with
God. Our Lady and Saint José showed
their happy faces, alongside the Christ-child, who was sleeping his
blessed sleep in the warm, pure cradle
of straw. The three wise kings, there in
the manger, gave the impression that they weren’t worthy of touching the straw,
where the Christ-child was serenely asleep
Sitting on the curb in front of the store’s sidewalk, now
Bel and Nel were listening to the Christmas music coming joyfully from the
loud-speaker on the lamp post. From time to time the volume of the
loud-speaker would be turned down. Then
the Christmas melodies would serve as musical background at the very moment when
the announcer in his measured voice
would break in. His voice brought the
word that the most beautiful of stars was coming from Bethlehem. It was brought in the hands of the greatest
of dawns. Its immense brilliance was descending from heaven and
came to shine on the grass where the animals were announcing and singing of the
birth of the child Jesus. The
announcer’s voice choked with emotion when he communicated that on that very
day the child of poverty was being born in the stable. That child-God was coming
to drive out evil from all the world.
The gentle voice of the announcer was concluding his message of eternal
peace with rising emotion at the end when he revealed that the bells throughout
the world were pealing: It’s Christmas! It’s Christmas!
Once more the loud-speaker was playing its happy Christmas
music, featuring this time a catchy
tune. Bel and Nel continued sitting on
the street curb. They could feel the
touch of the breeze that was blowing in the street, at the end of the day. The
breeze softened the faces of the two, both of them in silence, while their
childish hearts were touched by the
songs that were repeated and that started thus:
I set out my little shoe
on the window-sill
Father Noël left me
my Christmas gift
The Christmas song said something else, that the little old
man would always visit every child’s
room, and, then and there, he would leave a toy as a present on that
special night. Whether rich or poor, whether white or black like Bel and Nel,
the smiling and generous little old man doesn’t forget anyone.
Bel and Nel placed their old shoes on the window-sill of
their room. They found nothing the next
day. From the highest point on the hillside, they stood there watching the
white clouds, coming and going like
pillows. A few of the smaller clouds
took the shape of toys as they passed softly in front of the saddened eyes of
the two of them.
They could see at that moment the city below them, at their
feet. They imagined the excitement on that festive morning. On the sidewalk, in the garden, in
whatsoever part of the house.
Every child would be showing off his toy. He’d be leaping, dancing,
running, dreaming, flying, smiling.
At that moment they knew that the world had turned its back
on Jesus. It didn’t want to see Maria.
It hid itself away from José. Christmas
was the tear that was rolling down both their faces.
And a Christmas song was losing its sweetness.
* Fred Ellison was
born in 1922, in Denton, Texas, EUA. He
received his Bachelor’s degree in French and Spanish in 1941 from the
University of Texas, at Austin, USA.
Received the doctoral degree in Romance Languages, with a dissertation,
later appearing as a monograph The
Novel of Brazil's Northeast: Four Northeastern Masters (Rachel de Queiroz,
Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins
do Rego. He is Professor Emeritus of the University of Texas.
3 - Le
Noël des enfants noirs
Conte de Cyro de Mattos
Traduit du
brésilien par Luciana Wrege Rassier
et Jean-José Mesguen
Ils habitaient sur
le morne, la sœur s’appelait Bel, le frère Nel. La vie n’offrait pas à Nel la douceur du miel. Et Nel ne vivait pas sa
vie, là-haut sur le morne, comme s’il était au ciel. Leur mère s’appelait
Maria. Elle était vêtue simplement, de vêtements usés à force d’être portés
chaque jour. Elle n’avait jamais porté de manteau de soie bleue fait pour
briller en plein jour, comme on en
voyait à l’église sur la statue de la Vierge Marie.
La mère de Bel et Nel était lavandière. Elle avait les
mains épaisses et calleuses à force de battre le linge dans le courant des eaux
limpides. Toute la semaine elle descendait le chemin en pente en portant sur sa
tête la bassine pleine de linge sale. Quand elle arrivait au bord de la
rivière, elle posait la bassine de linge sur un grand rocher, à côté du sable.
Sans tarder elle commençait à tirer des vêtements du paquet. Elle trempait,
elle savonnait, elle frottait, elle lavait et elle tordait. Elle étendait les
vêtements sur les rochers noirs pour qu’ils sèchent au soleil. Et tout à coup
les rochers noirs, couverts de vêtements étendus, paraissaient plein de
couleurs le long de ce bout de rivière.
Le père de Bel et
Nel s’appelait José, il était menuisier. Il savait se servir habilement de ses
instruments de travail : marteau, scie, herminette, robot et ciseau. Ses
petites mains faisaient des chaises, des tables et des bancs. Elles réparaient des
portes, des fenêtres et des portails. Le mois où Bel eut six ans, le menuisier
José fut pris de douleurs dans la colonne vertébrale. Les os enflammés, les
mains tremblantes, tout son corps lui faisait mal. La nuit dans sa chambre il
gémissait. Dans son cœur commença à fléchir l’amour qu’il portait à Saint
Joseph, le patron de la ville, à cause de la douleur qui le tourmentait. Au
point qu’un jour le père de Bel et Nel perdit définitivement la foi qu’il avait
toujours eue en Saint Joseph, le saint patron des menuisiers.
Le temps de Noël était venu. Nel voulait un grand avion,
Bel une poupée qui pleure. Ils virent le gros vieux bonhomme au visage rose
pour la première fois à la télévision du magasin. Il portait un sac de jouets
sur le dos. Il avait une barbe blanche et des cheveux soyeux. Il portait des
vêtements rouges. Il chaussait des bottes noires. Dans une des scènes où on le
voyait à l’écran, se dessinait sur son visage rose un sourire qui communiquait
une sensation de joie et de paix à chaque enfant qui allait parler avec lui et
recevoir une caresse. Les enfants devant le magasin ne pouvaient détourner le
regard de la télévision. On disait que le vieux bonhomme donnait des
enfants à tous les enfants sans rien demander en retour. Ils souriaient quand
le vieux bonhomme apparaissait avec ses vêtements bouffants sur l’écran. Ses
petits yeux pleins d’amour scintillaient comme s’ils étaient enchantés.
Les yeux pleins
d’espièglerie et souriant de toutes leurs dents, Bel et Nel allèrent regarder
l’arbre décoré de boules et de guirlandes, installé dans un coin du magasin. La
nuit les lumières s’allumaient et s’éteignaient. L’étoile tout en haut les
impressionnait. Ils découvrirent ensuite la crèche dans un autre coin du
magasin, avec les paysans, les bergers et les bêtes. Ils restèrent un moment à
admirer la petite étable de la crèche, dont le plafond était couvert de
feuilles de palmier. Un coq à la crête
rouge se trouvait sur le toit. Une étoile brillait à la cime, brillant
divinement. Notre Dame et Saint Joseph avaient l’air heureux, à côté du Petit
Jésus, qui dormait d’un bon sommeil dans son berceau pur et chaud, fait de
paille. Et les trois rois mages, dans la crèche, donnaient à entendre qu’ils
n’étaient pas dignes de toucher la paille sur laquelle le Petit Jésus dormait
de son sommeil serein.
Assis au bord du
trottoir devant le magasin, Bel et Nel écoutaient maintenant la petite musique
qui sortait joyeusement du haut parleur suspendu au lampadaire. De temps en
temps le son du haut-parleur baissait. Alors la petite musique faisait un fond
musical au moment où apparaissait la voix posée de l’animateur. Sa voix
annonçait qu’arrivait de Bethléem l’étoile la plus belle. Elle avait été amenée
par la nuit la plus longue. Sa lueur immense tombait du ciel et venait illuminer
l’herbe où les bêtes annonçaient en chantant la naissance de l’enfant Jésus. La
voix de l’animateur s’emplissait d’émotion quand il faisait part de la
naissance en ce jour de cet enfant pauvre dans son étable. Cet enfant Dieu venait pour chasser le mal de toute la
terre. La voix douce de l’annonceur achevait le message de paix éternelle avec
encore plus d’émotion à la fin quand il révélait alors que les cloches du monde
entier à cet instant sonnaient : Noël ! Noël !
La joyeuse petite
musique reprenait dans le haut-parleur, accompagnée cette fois d’une chanson
envoûtante. Bel et Nel étaient toujours assis au bord du trottoir. Ils recevaient le souffle de la brise qui se promenait
dans la rue, à la fin du jour. La brise caressait doucement leur visage en
silence, tandis que leurs cœurs étaient touchés par la chanson qui se
répétait :
J’ai mis mon petit soulier
À la fenêtre de la cour.
Le
Père Noël a laissé
Un
cadeau, c’est mon tour…
Il était encore dit
dans la chanson que le petit vieux visitait la chambre de chaque enfant où il
laissait un jouet comme cadeau lors de cette nuit particulière. Riche ou
pauvre, blanc ou noir comme Bel et Nel, le petit vieux souriant au bon sourire
n’oublie personne.
Bel et Nel mirent leurs tongs à la fenêtre de leur chambre.
Ils ne
trouvèrent rien quand le jour vint. Du haut du morne ils restèrent à regarder
les nuages blancs, qui traversaient le ciel comme de grands oreillers. Quelques
nuages plus petits prenaient des formes de jouets en passant doucement devant
les yeux tristes des deux enfants.
Ils voyaient à cet instant la
ville tout en bas, là-bas, à leurs pieds. Ils imaginaient le tohu-bohu de ce
matin de fête. Dans la rue, dans le jardin, dans tous les coins de la maison.
Chaque enfant montrait fièrement son jouet. Et sautait, et dansait, et courait,
et rêvait, et volait, et souriait.
Alors ils
comprirent comment le monde tournait le dos à Jésus. Il ne voulait pas voir Marie. Il se cachait de Joseph.
Noël était la larme qui tombait le long de leur visage.
Et
la chanson était défaite.
*Luciana
Wrege Rassier a enseigné la littérature et la culture brésiliennes en France,
d’abord à l’université de Montpellier (1994-2002) et ensuite à l’université de
La Rochelle (2003-2010). . Depuis 2010
elle enseigne au sein de l’Ecole doctorale en Etudes de la Traduction, à
l’Universitée Fédérale de Santa Catarina, au Brésil.
**Jean-José
Mesguen, né en 1952 à Rio de Janeiro, vit à Marseille, France. Auteur de
quelques travaux sur le cinéma brésilien, traducteur d'articles sur les
mouvements sociaux et politiques brésiiens, il co-traduit avec Luciana
Wrege-Rassier Pequod, de Vitor Ramil, et Primeiro de Abril,
de Salim Miguel.
4 - La Navidad de los niños negros
Cuento de Cyro de Mattos
Traducción de Meritxell Hernando Marsal
Vivían en el cerro, a la hermana la llamaban Bel, al
hermano Nel. Bel no recibía de la vida la dulzura hecha con miel. Y Nel no
vivía la vida, allá en lo alto del cerro, como si estuviese en el cielo. Su
madre se llamaba María. Vestía ropas simples, gastadas por el uso diario. Nunca
vistió un manto azul hecho de seda para brillar de día, como se veía en la
iglesia con la imagen de la Virgen María.
La madre de Bel y Nel era lavandera. Tenía las manos
gruesas de callos de tanto sacudir ropa en la corriente de aguas límpidas.
Durante la semana descendía el camino por el barranco con el balde de ropa
sucia en la cabeza. Cuando llegaba a la margen del río, colocaba el balde en
una piedra grande, junto al arenal. No tardaba y comenzaba a sacar las ropas
del hato. Mojaba, enjabonaba, fregaba, lavaba y torcía. Extendía las ropas en
las piedras negras para que se secasen al sol. Las piedras negras, cubiertas de
ropas extendidas, de repente aparecían coloreadas en aquel tramo del río.
El padre de Bel y Nel se llamaba José y era
carpintero. Sabía usar con habilidad sus instrumentos de trabajo: martillo,
sierra, gubia, cepillo y formón. Sus manos pequeñas hacían sillas, mesas y
bancos. Arreglaban puertas, ventanas y portones. El mes que Bel completó seis
años de edad, el carpintero José comenzó a sentir dolores en la columna. Los
huesos inflamados, las manos trémulas, todo el cuerpo le dolía. Por la noche en
el cuarto gemía. Su corazón fue disminuyendo el amor que le tenía a San José, el patrón de la ciudad, a causa de la
enfermedad que lo afligía. Hasta que un día el padre de Bel y Nel perdió para
siempre su constante fe en San José, el santo protector de los carpinteros.
El tiempo de la Navidad había llegado. Nel quería un
avión grande, Bel una muñeca que llora. Vieron al viejo gordo con rostro
rosáceo por primera vez en la televisión de la tienda. Cargaba un saco de
juguetes en la espalda. Tenía la barba blanca y los cabellos sedosos. Vestía
una ropa colorada. Calzaba botas negras. En una de las escenas en que aparecía
en la pantalla, dejaba escapar del rostro rosáceo una sonrisa que transmitía
una sensación de alegría y paz a cada niño que iba a hablar con él o a recibir
su cariño. Los niños en la vereda de la tienda no quitaban los ojos de la
televisión. Comentaban que el viejo daba juguetes a los chiquilines sin querer
nada a cambio. Ellos sonreían cuando el viejo aparecía con las ropas holgadas
en la pantalla. Sus ojitos, en un solo querer, cintilaban como encantados.
Con los ojitos atentos y risitas que llenaban los
dientecitos, Bel y Nel fueron a mirar el árbol adornado con bolitas y
lucecitas, armado en uno de los lados de la tienda. Por la noche las lucecitas
se encendían y se apagaban. La estrella en lo alto conmovía. Descubrieron después
el belén en otro lado de la tienda, con los campesinos, los pastores y los
animales. Se quedaron admirando el pequeño establo del pesebre, que tenía el
techo cubierto de hojas de palmera. Un gallo de cresta roja estaba en el
tejado. Una estrella brillaba en la cumbrera, toda encendida de Dios. Nuestra
Señora y San José mostraban los semblantes felices, al lado de Jesuscristito,
que dormía un sueño bueno en la cuna pura y caliente, hecha de paja. Y los tres
reyes magos, allí en el pesebre, daban a entender que no eran dignos de tocar
la paja donde Jesucristito dormía su sueño sereno.
Sentados en el borde de la vereda de la tienda, Bel y
Nel escuchaban ahora la musiquita que salía alegre por el altavoz del poste. De
vez en cuando el altavoz bajaba el sonido. Entonces la musiquita daba lugar a
un fondo musical en el mismo instante en que entraba la voz pausada del
locutor. Su voz informaba que llegaba de Belén la estrella más bella. La
trajeron las manos de la aurora mayor. Su brillo inmenso descendía del cielo e
iluminaba la hierba donde los animales anunciaban y cantaban el nacimiento del
niño Jesús. La voz del locutor se emocionaba cuando comunicaba que aquel día
nacía el niño pobre en el establo. Ese niño Dios venía para ahuyentar el mal de
toda la tierra. La voz dulce del locutor terminaba su mensaje de paz eterna con
más emoción al final, cuando revelaba que las campanas del mundo entero tocaban
en ese momento: ¡Es Navidad! ¡Es Navidad!
El altavoz volvía a tocar la musiquita alegre,
acompañada esta vez de una canción encantadora. Bel y Nel continuaban sentados
al borde del paseo. Recibían el soplo de la brisa que circulaba en la calle, al
final del día. La brisa suavizaba sus rostros en silencio, mientras que sus
pequeños corazones eran tocados por la canción que se repetía y comenzaba así:
Dejé mi
zapatito
en la ventana
del patio.
Papá Noel ha
dejado
mi regalo de
Navidad…
Decía la canción más cosas aún, que el viejito siempre
visitaba el cuarto de cada niño y allí dejaba un juguete como regalo esa noche
especial. Sea rico, sea pobre, sea blanco, sea negro, como Bel y Nel, el
viejito sonriente no se olvida de nadie.
Bel y Nel colocaron sus alpargatas en la ventana del
cuarto. No encontraron nada al otro día. Del punto más alto del cerro se quedaron
mirando las blancas nubes, transitando en el cielo como grandes almohadas. Unas
nubes menores dibujaban juguetes mientras iban pasando mansas frente a los ojos
tristes de los dos.
Veían en ese instante la ciudad allá abajo, a sus
pies. Imaginaban la algarabía de la mañana festiva. En el paseo, en el jardín,
en cualquier lado de la casa. Cada niño exhibía su juguete. Saltaba, bailaba,
corría, volaba, sonreía.
Entonces supieron como el mundo le volvía la espalda a
Jesús. No quería ver a María. Se escondía de José. La Navidad era la lágrima
que por el rostro de los dos se escurría.
Y una canción deshacía.
* Meritxell
Hernando Marsal nació en 1977 en Barcelona. Cursó la Maestría en la Universidad
Nacional Autónoma de México y en Brasil realizó el Doctorado en la Universidad
de São Paulo. Profesora de literatura en la Universidad Federal de Santa
Catarina, en Florianópolis.
5 - Natale dei
bambini negri
Racconto di Cyro de Mattos
Traduzione di Mirella
Abriani
Abitavano
su una collina, la sorella si chiamava Bel e il fratello Nel. Bel non riceveva
dalla vita la dolcezza fatta con il miele. E Nel non viveva, lassù sulla
collina, come se fosse in cielo. La loro mamma si chiamava Maria. Indossava
abiti modesti, consunti dall’uso. Non aveva mai indossato un manto di seta che
risplendesse di giorno come si vedeva nelle chiese nelle immagini della Vergine
Maria.
La
mamma di Bel e Nel era una lavandaia. Aveva le mani ingrossate dai calli da
tanto battere roba nella corrente delle acque limpide. Durante la settimana
scendeva lungo il dirupo con la bacinella di roba sporca sulla testa. Quando
arrivava in riva al fiume, metteva la bacinella sopra un grande sasso, vicino
al greto. Non perdeva tempo e incominciava a togliere le cose dal mucchio.
Bagnava, insaponava, sfregava, lavava e torceva. Stendeva gli indumenti su
delle pietre nere perché si asciugassero al sole. Le pietre nere coperte di
roba stesa, improvvisamente apparivano colorate in quel tratto del fiume.
Il
papà di Bel e Nel si chiamava Giuseppe, era falegname. Sapeva usare con
destrezza i ferri del mestiere: martello, sega, ascia, pialla e scalpello. Le
sue piccole mani facevano sedie, tavoli e panche. Riparava porte, finestre e
portoni. Quando Bel compì sei anni, il falegname Giuseppe cominciò a sentire
dei dolori alla schiena. Le ossa infiammate, le mani tremanti, dolori
dappertutto. Di notte, a letto, si lamentava. Il suo cuore andò spegnendo
l’amore per San Giuseppe, il patrono della città, a causa della malattia che lo
affliggeva. Finché un giorno il padre di Bel e Nel perse per sempre la sua
inalterata fede in San Giuseppe, il santo protettore dei falegnami.
Arrivò
Natale. Nel voleva un grande aereo, Bel una bambola che piange. Videro per la
prima volta il vecchio grasso dal volto rubizzo nella televisione di un
negozio. Reggeva un sacco di giocattoli sulle spalle. Aveva la barba bianca e i
capelli setosi. Indossava una veste rossa e calzava stivali neri. In una delle
immagini in cui appariva sul teleschermo, dal volto gli usciva un sorriso che
comunicava una sensazione di allegria e pace a ogni bambino che andava a
parlare con lui e a ricevere il suo affetto. I bambini che passavano di lì non
toglievano gli occhi dalla televisione. Commentavano che il vecchio dava dei
regali ai bambini senza chiedere niente in cambio. Ssorridevano quando il
vecchio appariva sullo schermo con il suo ampio abito. I loro occhietti,
incantati, scintillavano.
Con
occhi vispi e sorrisetti che riempivano i dentini, Bel e Nel andarono a vedere
l’albero decorato con palline e lucine, allestito in un angolo del negozio. Di
sera le lucine si accendevano e si spegnevano. La stella in alto commuoveva.
Dopo scoprirono il presepio in un altro angolo del negozio, con i contadini, i
pastori e gli animali. Si fermarono ad ammirare la piccola stalla del presepio
che aveva il tetto ricoperto di foglie di palma. Un gallo dalla cresta rossa si
trovava sul bordo del tetto. Una stella brillava sulla sommità, tutta infiammata
da Dio. La Madonna e San Giuseppe avevano un’espressione felice accanto al
piccolo Gesù Cristo che dormiva il sonno del giusto nella culla pura e calda,
fatta di paglia. E i tre re magi, lì nel presepio, lasciavano intendere che non
erano degni di toccare la paglia dove il piccolo Gesù Cristo dormiva il suo
sonno sereno.
Seduti
nel bel mezzo del passaggio del negozio, Bel e Nel ora ascoltavano la
musichetta che usciva allegra dall’altoparlante. Ogni tanto l’altoparlante
abbassava il volume. E allora la musichetta diventava un sottofondo musicale
nello stesso momento in cui entrava la voce cadenzata dell’annunciatore. La
voce informava che la stella più bella veniva da Betlemme. Era stata portata
dalle mani della più grande alba. La sua immensa luce scendeva dal cielo e
veniva a illuminare il prato dove gli animali annunciavano e cantavano la
nascita del Bambino Gesù. La voce dell’annunciatore era emozionata quando
comunicava che in quel giorno il bambino povero nasceva nella stalla. Questo
Bambino Dio veniva a mettere in fuga il male di tutto il mondo. La voce dolce
dell’annunciatore terminava il messaggio di pace eterna con più emozione
quando alla fine rivelava che le campane
di tutto il mondo in quel momento risuonavano: È Natale! È Natale!
L’altoparlante
tornava a suonare l’allegra musichetta, accompagnata questa volta da una
canzone coinvolgente. Bel e Nel continuavano a stare seduti a metà del
passaggio. Ricevevano il soffio della brezza che circolava fuori in strada sul
finire del giorno. La brezza addolciva il volto dei due in silenzio, mentre i
loro cuoricini erano toccati dalla canzone che si ripeteva e incominciava così:
Ho messo le
mie scarpette
Alla finestra
del cortile.
Babbo Natale
ha lasciato
Il mio regalo
di Natale...
Diceva
altro la canzone, che il vecchietto andava sempre nella stanza di tutti i
bambini dove lasciava un giocattolo di regalo in quella notte speciale. Che
fosse ricco, povero, bianco, nero come Bel e Nel, il vecchietto sorridente e
buono non dimenticava nessuno.
Bel
e Nel misero le ciabattine alla finestra della stanza. Il giorno dopo non
trovarono niente. Dal punto più alto della collina rimasero a guardare le
candide nuvole che correvano in cielo come grandi cuscini. Delle nuvole più
piccole disegnavano giocattoli mentre passavano mansuete davanti agli occhi
tristi dei due.
Loro
vedevano in questo momento la città là in basso, ai loro piedi,. Immaginavano
lo schiamazzo della mattina di festa. Per strada, nei giardini, in qualsiasi
angolo della casa. Ogni bambino esibiva il suo giocattolo. Saltava, ballava,
correva, sognava, volava, sorrideva.
Allora
seppero come il mondo dava le spalle a Gesù. Non voleva vedere Maria. Si
nascondeva a Giuseppe. Il Natale era la lacrima che scendeva dal volto di loro
due.
E
una canzone si sgretolava.
* Mirella
Abriani (Milano-Italia) è stata insegnante di Materie Letterarie. Si dedica
alla traduzione di opere letterarie dal portoghese con particolare attenzione
per gli scrittori e i poeti brasiliani. Há ottenuto buoni riconoscimenti in
concorsi nazionali e internazionali, fra cui il Premio Leodegário A. De Azevedo
Filho della União Brasileira de Escritores – RJ con la traduzione di “Cantos da
Terra e da Água” di Cyro de Mattos.
Weihnachten der schwarzen Kinder
Eine Erzählung von Cyro de
Mattos
Aus dem Portugiesischen
von Marcel Vejmelka
Sie lebten in der Favela, oben
auf dem Hügel, die Schwester hieß Bel, der Bruder Nel. Für Bel war das Leben
kein Honigschlecken. Und Nel lebte dort auf dem Hügel nicht wie im Himmel. Ihre
Mutter hieß Maria. Sei trug einfache Kleidung, die schon abgetragen war. Nie
trug sie einen festlichen blauen Seidenmantel, wie ihn die Jungfrau Maria in
der Kirche trägt.
Die Mutter von Bel
und Nel war Wäscherin. Ihre Hände waren voller Schwielen vom vielen Waschen im
klaren Fluss. Während der Woche stieg sie mit dem Korb voller Schmutzwäsche auf
dem Kopf den Hang hinunter. Am Flussufer stellte sie den Wäschekorb auf einen
Felsen am kleinen Strand. Dann nahm sie die Wäschestücke aus dem Bündel. Sie
weichte ein und seifte ein, sie schrubbte und wusch und wrang. Sie breitete die
Wäschestücke auf den schwarzen Felsen aus, damit sie in der Sonne trockneten.
Von den ausgebreiteten Wäschestücken bedeckt, leuchteten die schwarzen Felsen
an diesem Stück des Flusses plötzlich ganz bunt.
Der Vater von Bel und Nel hieß
José und war Tischler. Er war sehr geschickt mit seinem Werkzeug: mit dem
Hammer, der Säge, dem Dechsel, dem Hobel und dem Beitel. Seine kleinen Hände
bauten Stühle, Tische und Bänke. Sie reparierten Türen, Fenster und Tore. In
dem Monat, in dem Bel sechs Jahre alt wurde, spürte der Tischler José Schmerzen
im Kreuz. Seine Knochen waren entzündet, seine Händer zitterten, sein ganzer
Körper schmerzte. Nachts im Bett stöhnte er. Wegen der Krankheit, die ihn so
plagte, wandte sich sein Herz allmählich vom Heiligen Josef, dem Patron er
Stadt, ab. Und eines Tages schließlich verlor der Vater von Bel und Nel seinen
festen Glauben an den Heiligen Josef, den Schutzheiligen der Tischler, für
immer.
Die Weihnachtszeit hatte
begonnen. Nel wollte ein großes Flugzeug, Bel eine Puppe, die weinen konnte.
Sie sahen den dicken alten Mann mit den roten Backen zum ersten Mal im
Fernseher in einem Laden. Er trug einen Sack voller Spielzeug auf dem Rücken.
Er hatte einen weißen Bart und silberne Haare. Er trug einen roten Mantel. Er trug
schwarze Stiefel. In einer der Szenen auf Fernsehschirm formte sein rotbäckiges
Gesicht ein Lächeln, das jedem Kind, das zu ihm kam und von ihm gestreichelt
wurde, mit Freude und Frieden erfüllte. Die Kinder auf dem Gang im Laden
konnten die Augen nicht vom Fernseher abwenden. Sie sprachen darüber, dass der
alte Mann den Kindern Spielzeug gab, ohne etwas dafür zu verlangen. Sie
lachten, wenn der alte Mann mit dem weiten Mantel auf dem Bildschirm erschien.
Ihre Äuglein waren voller Wünsche und blinzelten wie verzaubert.
Mit klugen Augen und strahlend
weißem Lachen schauten sich Bel und Nel den mit Kugeln und Lichtern
geschmückten Baum in einer Ecke des Ladens an. Nachts blinkten die kleinen
Lichter. Der Stern auf der Spitze war erwärmte das Herz. Danach entdeckten sie
in einer anderen Ecke des Ladens die Krippe mit den Bauern, Hirten und Tieren.
Sie bestaunten den kleinen Stall, dessen Dach aus Palmblättern war. Ein Hahn
mit rotem Kamm stand auf dem Dach. Ein Stern leuchtete auf dem Dachfirst und
verbreitete Gottes Glanz. Die Jungfrau Maria und der Heilige Josef schauten
glücklich drein neben dem Christuskind, das in der reinen und warmen Wiege aus
Stroh friedlich schlief. Und die heiligen drei Könige in der Krippe brachten
zum Ausdruck, dass sie nicht würdig waren, das Stroh zu berühren, in dem das
Christuskind so ruhig schlief.
Bel und Nel saßen auf der
Bordsteinkante vor dem Laden und hörten nun die Musik, die fröhlich aus dem
Lautsprecher an der Straßenlaterne drang. Hin und wieder wurde die Musik aus dem
Lautsprecher leiser und bildete den Hintergrund für die nun einsetzende Stimme
des Sprechers. Seine Stimme verkündete, dass von Betlehem der schönste aller
Sterne kam. Er wurde vom größten aller Morgen auf den Händen getragen. Sein
heller Glanz erstrahlte vom Himmel und erhellten den Rasen, wo die Tiere die
Geburt des Christuskinds verkündeten und besangen. Die Stimme des Sprechers war
ganz bewegt, als er erklärte, dass der Junge in einem Stall geboren wurde.
Dieses Kind Gottes war gekommen, um das Böse von der gesamten Erde zu
vertreiben. Die weiche Stimme des Sprechers beendete die Botschaft des ewigen
Friedens mit größter Ergriffenheit und verkündete, dass in diesem Augenblick
auf der ganzen Welt die Glocken läuteten: Es ist Weihnachten! Es ist Weihnachten!
Wieder ertönte die
fröhliche Musik aus dem Lautsprecher, nun begleitet von einem bezaubernden
Liedchen. Bel und Nel saßen noch immer auf der Bordsteinkante. Sie spürten den
Atem der Abendprise, die durch die Straße wehte. Der Wind kühlte ihre schweigenden
Gesichter, während ihre kleinen Herzen von dem Liedchen ergriffen wurden, das
immer wieder erklang und so begann:
Meine Schuhe stellt ich
Ins Festerlein
Der Weihnachtsmann tat
Mein Geschenk hinein
Das Lied besagte
weiter, dass der alten Mann immer alle Kinder in ihren Zimmern besuchte und
dort in dieser besonderen Nacht ein Spielzeug als Geschenk zurückließ. Ob reich
oder arm, ob weiß oder schwarz wie Bel und Nel, ... der lächelnde und gütige
alte Mann vergisst niemanden.
Bel und Nel
stellten ihre Sandalen aufs Fensterbrett in ihrem Zimmer. Nichts fanden sie
dort am nächsten Morgen. Vom höchsten Punkt des Hügels aus betrachteten sie die
weißen Wolken, die wie große Kissen über den Himmel zogen. Einige kleinere
Wolken sahen aus wie Spielzeug, als sie gemächlich an ihren traurigen Augen
vorbeizogen.
In diesem
Augenblick sahen sie die Stadt dort unten zu ihren Füßen. Sie stellten sich das
festliche Treiben dieses Morgens vor. Auf dem Gehweg, im Garten, überall im
Haus. Jedes Kind zeigte sein Spielzeug her. Hüpfte, tanzte, rannte, träumte,
flog und lachte.
Da wussten sie,
dass die ganze Welt Jesus Christus den Rücken zuwandte. Und niemand wollte
Maria sehen. Alle versteckten sich vor Josef. Weihnachten war die Träne, die
über ihre beiden Gesichter lief.
Und ein Lied
verklang.
*Marcel Vejmelka,
1973 in Aachen geboren, ist wissenschaftlicher Mitarbeiter und Dozent der
Abteilung Spanische und Portugiesische Sprache und Kultur am Fachbereich
“Translations-, Sprach- und Kulturwissenschaften” (FTSK) der Johannes
Gutenberg-Universität Mainz in Germersheim.
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