ÂNGELO
ROBERTO NO PARAÍSO
Por RUY ESPINHEIRA FILHO
E
o grande amigo e grande artista Ângelo Roberto se mudou, no último domingo,
para a Eternidade. Cumprindo um velho compromisso, de quase 80 anos, pois a
Eternidade sempre esteve presente na sua vida e na sua arte. Não era à toa sua
intimidade com São Francisco de Assis, que considerava o mais alto dos santos.
Agora mesmo estou vendo aqui, numa parede da sala do apartamento de minha
mulher, Maria da Paixão, o “poverello” cercado de pássaros, nos traços admiráveis
de Ângelo Roberto. Já na parede de minha casa, nos mesmos traços, uma
caricatura: eu sentado num banquinho formado por livros empilhados, com um
violão e cercado por garrafas de cerveja devidamente esvaziadas...
Fui
apresentado a Ângelo em 1961, pelo poeta Affonso Manta, no bar de Secundino,
onde passei a conviver também com Carlos Anísio Melhor, Jehová de Carvalho,
Fred Souza Castro. Outra presença constante era o fotógrafo e cineasta Roberto
Gaguinho. Na época da apresentação, Ângelo tinha 23 anos; eu, 18. Veio de então
o companheirismo e o afeto que logo se encerravam em nosso peito juvenil e
assim se mantiveram ao longo de todas as águas do tempo que passaram e ainda
passam...
Certa
vez Ângelo fez uma exposição no Barril Vermelho, bar e restaurante do Rio Vermelho,
e o saudei numa crônica em versos que começava assim: “É no Barril Vermelho,
galeria/ de arte, que o Artista inventa o dia.” Anos depois publiquei um romance
intitulado “O príncipe das nuvens”, inspirado em nossas rondas boêmias,
sobretudo em Carlos Anísio Melhor e Ângelo Roberto. Anísio aparece como o poeta
C.A. Maior, mas Ângelo surge com o nome artístico completo: Ângelo Roberto. E também
o poema se incorporou à história. Ângelo, dos amigos mais iluminados que tive...
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