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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

 

           Outros Poemas de Natal  

 

                                          Cyro de Matto


                                    É Natal!

 

                                           Do céu dos céus

Uma estrela

Que anuncia

Só amores

Para iluminar

As pobrezas

Dessa terra.

 

Na manjedoura

Ondas embalam

O menino no berço

Feito de palha.

Cantam os anjos,

Tocam os pastores

Suas doces flautas.

 

Os reis magos

Estão sorrindo

De pura alegria.

                                              Numa manjedoura

                                              O bem afugenta o mal.

                                              Os sinos tocam:

                                              É Natal! É Natal!

 

                      O Pinheiro

 

Antes triste, no canto,

Só que de repente

Como por encanto

Aparece iluminado

Com estrelinhas do céu,

Não mais que de repente

Todo aceso de Deus.

 

Manjedoura

 

O que mais encanta

É nascer o menino

Na poeira desse chão

Onde os bichos andam

E até hoje esse menino

Com sua luz suave

Semear grãos azuis

De amor e de paz

Na manjedoura dos ares.

 

Árvore de Natal

 

Esse pequeno cofre

Para o papai Onofre,

Esse quadro com flores

Para a mamãe Dolores,

Esse cachimbo dourado

Para o vô Clodoaldo,

Essa coberta branquinha

Para a vó Vitorinha,

Essa camisa de linho

Para o tio Bernardinho,

Essa boneca que chora

Para a maninha Eudora,

Esse pião e o tambor

Para o meu primo Dodô.

Quem quiser a flautinha

Nem espere que é minha1

 

O Amanhecer

 

Para Firmino Rocha,

em memória

 

A estrela desponta,

A nuvem se descobre,

O galo clarineta

E anuncia que em Belém

O menino já chegou

Na manhã mais bela.

 

A boa notícia corre

No fiozinho do rio

Que da montanha desce.

Segue no vento leve

Que sopra a flor sozinha

Na plantinha do brejo.

Vem com a borboleta

Que pousa na roseira

E fica brincando

Com os raios de sol.

 

Uma Oração Pequena

 

Pelo

Papai Noel

Que só aparece

Na televisão.

 

Pelo

Riozinho

De minha cidade

Cada vez pior

Com os despejos.

 

Pelo

Menino

Que na seca

Fez com os ossos

Do cachorro

Um carro

De brinquedo.

 

Pela

Professora

Que mal tem salário

Mas ensina

Um mundo.

 

Menino Jesus

Seja bem-vindo!

 

Esse Menino Jesus

 

Com o seu jeito

Amigo de dizer

Que pra vencer

O egoísmo

Dessa guerra

De cada um

Pensando em si

Basta querer

Sair por aí

De mãos dadas

E como criança

Espalhar

Num instante

Só ternura

Nessa terra.

 

 

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