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sábado, 16 de abril de 2022

 

Poema na Semana Santa  

 

Cyro de Mattos

 

Tudo é roxo e ofensa e perdão.

A tristeza está nos ares,

já anda pelas veredas

e no perfume dos caminhos.

No ocaso da saudade ao longe,

na flor do cacau que é espinho.

E chega à igreja a procissão.

Tudo é clamor e cruz e paixão

porque uma coroa sensitiva

instalou-se em Itabuna

com fadiga e sede e fome

e escorre suas dores

pelas pedras cor de vinho.

Mas no sábado tudo é verde

e claro sem o roxo e o espinho.

Os sinos repicam na cidade

e um dia novo está nas galhas,

no coro de milhões de passarinhos.

 

 

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