Soneto do Cavalo
Cyro de Mattos
Músculo, suor, galope, cadência;
vento, porteira, campina, relincho.
No passo picado rude elegância,
maneira de cascos: trote, compasso.
Incansável crina em qualquer distância;
se selvagem, vence quem vem com o laço.
Nervoso fere com uma espada ígnea,
coito na seda, tremura, entrelaço.
Na chuva grossa, forte estiagem,
que de melhor pra montar no cavalo?
A amizade? Na manhã a aragem?
Na sela agora surgem do que falo
coisas de ontem como se hoje fossem...
ele, relva quadrúpede, o cavalo.
(Do
livro Cancioneiro do Cacau, Prêmio Nacional Ribeiro Couto, União Brasileira de Escritores (RJ), um dos
vencedores do Prêmio Emílio Moura da Academia Mineira e Letras, Segundo Lugar
no Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, em Genova,
Itália, e Finalista do Jabuti.)
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