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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A Cidade Amada

 
A Cidade Amada
 
Debruço-me na ponte de teus anos,
Alegre  meu cantar de passarinho,
Descubro manhãs de céu azul,
Continentes luminosos de tesouro.

Há rações verdes nas esquinas,
Vermelhos estandartes nessas ruas,
Espocam bombas dos passeios,
Explodem papagaios nos quintais.

Minhas as mãos de cata-vento,
No peito os bichos meus irmãos,
Noites amenas vertem espaçonaves,
Margaridas, boninas, girassóis.

Quem me fez água de chuva
Branca correndo em amado chão,
Perfeito estilingue nas caçadas,
Bola de gude nos buracos ideais?

Passistas as tropas vêm chegando,
Festa suspensa em ruivo poeiral,
De cores carregam-me tão velozes,
Tremula minha cidade de metal.

São meus os frutos cheios de ouro:
Jaca, sapoti, cacau, manga, mamão,
Apinhada de esperança a geografia
Enche capanga de risos naturais.

Na paisagem viva vejo-te  amores,
Quermesse acariciando corações,
Primeira ternura de namorado,
Presépio coroando-me infante rei.

Dentro de mim aboios ressoam
E sustos movendo carrosséis,
Passam neste vale mágicas nuvens,
Cantigas de São João e de Natal.

Que me dizem ventos de agora?
Pedras, cortes, incompreensões,
Íngreme escarpa de ausências
Na pele resvalando o que faz mal.

Lombo levando este boi sábio,
Realejo tocando velha canção,
Cajado do tempo que não cansa,
Espanto no espetáculo o meu rio.
   
 
 
 
 


 
 
 
 

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