Poema da
Mulher Não Resignada
Cyro
de Mattos
Para
onde vá sem voz
Deixa
que seja levada.
Maneira
de ser conduzida
Expressa
o espaço inútil.
Golpeada
na afronta,
Indisponível
de si mesma.
Pousa
vazia de sentidos
No
rito de cama e mesa.
Rolam
anos de vergonha,
O
que podemos achar nela?
Amanhecer
é preciso
Apesar
das opressões.
Inaugurar
uma abertura
Entre
fortes tremores.
Chega! Um grito é capaz
De
parir as próprias emoções.
Dona
enfim de uma rosa
Nascida
de seu trauma.
Alimentada
na rebelião
De
corpo e alma, fissuras
De
seu muro entre as escolhas.
Culpada
mas sem pecado,
Sabe
que viver são ondas
Passando
pelo mito da mulher.
Significa
enfim o arrojo
Ao alcance da verdade.
Tal
qual o parceiro na lida
De frente
para o mundo.
*Cyro de
Mattos é escritor e poeta. Tem livros pessoais publicados em Portugal, França,
Itália e Alemanha. Com o Cancioneiro do cacau
obteve o Segundo Lugar no Prêmio
Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, em Gênova, Itália, e o
Prêmio Nacional Ribeiro Couto da União Brsileira de Escritores (Rio). Conquistou
o Prêmio Literário Nacional Pen Clube do Brasil 2015 com o romance Os ventos gemedores..
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