REPÚBLICA DE CURITIBA,
REPÚBLICA DA HONRADEZ
J.C.
Teixeira Gomes
A maior tragédia do impasse nacional
é a falta de lideranças confiáveis para a alternância do poder. O naufrágio
ético do PT assanhou a presença, na mídia, de figuras reacionárias e
ultrapassadas, posando de catões da moralidade pública, apesar da sua
trajetória lamentável.
A chamada “República de Curitiba”,
conforme Lula a batizou com ironia, incomodado com a firme ação do juiz Moro, é
o único motivo de alento nos corações brasileiros. Nem mesmo a conduta do
ministro Joaquim Barbosa durante o mensalão atingiu níveis tão altos de
decência saneadora. Não surpreende que Moro esteja sendo alvo da fúria dos
atingidos.
Os jornalistas petistas vociferam:
“Estão acusando Lula sem provas!”. Queriam o quê? Que Lula assinasse e
publicasse autorização para que Dirceu, Genoíno, Palocci, Delúbio, Vaccari
Pixuleco, Erenice Guerra, Barusco, Cerveró, Renato Duque, Paulo Roberto Costa e
tantos outros mafiosos continuassem saqueando o país? Que provas são hoje
necessárias para confirmar o sinistro pacto do PT com os partidos que ajudaram
a roubar o Brasil, produzindo os rombos do mensalão? Ou o mais sinistro ainda
do PT com os empreiteiros que, durante anos, vinham assaltando a Petrobrás?
Quem era o presidente da nossa empresa maior ou chefiava o seu Conselho
Deliberativo durante a fraudulenta compra da refinaria de Pasadena? Quem
colocou na direção da estatal Paulo Roberto Costa, Duque, Cerveró, Barusco e outros
campeões da ladroagem?
Se estão reclamando provas contundentes, em letra de forma, com
autenticação e firma reconhecida, para comprovar crimes óbvios, lembremos que
nada disso foi preciso para que o Tribunal de Nuremberg acusasse Hitler e
demais chefes nazistas de responsáveis pelo extermínio dos judeus, apesar de
nenhum deles ter deixado um único documento,
autorizando o Holocausto. Muitos anos penou a Justiça dos EUA para meter
na cadeia Al Capone, que aterrorizava Chicago, sem oferecer registros de
criminalidade, até que foi flagrado por um descuido no imposto de renda. Não
poucos criminosos são mestres sagazes em dissimulações, contando com a
cobertura dos seus beneficiários. Há uma solidariedade voraz na delinquência.
O juiz Sérgio
Moro está sendo alvo da barragem de fogo do petismo e dos que ainda deliram com
a miragem de que o partido é o refúgio da pobreza. Lembremos que muitas das
acusações contra Moro – estrelismo,
excessos, agressões contra direitos – são exatamente iguais às que os inconformados
jogaram no cangote de Joaquim Barbosa, quando o magistrado procurava descascar
no Supremo a cebola podre do petismo, nas práticas (comprovadas) do mensalão.
Cerca de sete anos suportou Barbosa as agressões da militância petista. Há dois
anos, o injuriado Moro conduz a operação Lava Jato com absoluta competência,
tanto assim que já conseguiu encarcerar expressiva cambada de ladrões
poderosos, enfrentando a mais compacta coligação (nunca vista no Brasil) de
advogados de excelência profissional. Apenas um dos empreiteiros presos é
defendido por um time de 22 advogados. E continua preso!
Não é fácil dissuadir o fanatismo.
Aos irredutíveis defensores de Lula e Dilma, porém, lembremos que, indignados
com as traições do partido ao chegar ao poder, o PT foi abandonado por
militantes do nível de Arruda Sampaio, Heloísa Helena, Chico Alencar, Carlos
Nelson Coutinho, Frei Beto, Leonardo Boff e tantos outros expoentes. Em
síntese: a República de Curitiba representa, hoje, as esperanças dos milhões de
brasileiros que clamam por dignidade na vida pública. O grito das ruas não é o
grito do golpe, mas sim o da honradez e da decência.
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