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sábado, 18 de julho de 2020




Tempos da Coronavírus

Cyro de Mattos

Ninguém imaginaria que as cidades fossem interrompidas no seu fluxo de vida com essa guerra da coronavírus. Agora todos andam de máscara quando uma necessidade impõe que vá  comprar algo necessário na farmácia ou supermercado. Cuidado, cuide-se com os demais, lave sempre as mãos, com álcool ou sabão, mas não esqueça o ritual, se viver é perigoso, agora é muito mais. Esse tipo de cautela pode ser providencial, vai  salvar a sua vida.   
Em nossas casas vivemos  recolhidos nessa repetitiva e irritante  quarentena,  que tem como um de seus propósitos fazer com que  nossa roupa fique apertada com os quilinhos  que de repente ganhamos.  A notícia na televisão informa  os estragos que a coronavírus  vem fazendo aos frágeis seres humanos. As cidades estão vazias. Vivemos um clímax de filme de ficção científica. De pesadelo e desalento.
As ruas desertas.  Impiedosa, sorrateira, veloz,  a coronavírus ataca todo o planeta e não se satisfaz com as vítimas fatais que vem fazendo a todo instante.Não bastasse exigir  o nosso confinamento, proibir  abraçar o amigo, impedir que o beijo em carícia de lenço não seja dado ao ente querido e a flor não se entreabra no rosto com a expressão do sorriso. 
Horrível, infame, impiedosa, essa coronavírus. De onde veio essa minúscula criatura que não é vista a olho nu com  sua fábrica da morte no lugar da vida? Para onde quer levar  nossos assustado e triste coração? Por causa dela, os pais ficam sem o filho, o marido sem a esposa, o neto sem a avó, o vizinho sem a vizinha. Ela  não tem limite, até criança é agarrada  por suas pinças venenosas. Quanto aos idosos nem é  bom  falar, são os que  são levados mais depressa na onda dessa assassina,   que mata e não enterra, de tão estúpida com a sua  traiçoeira invenção da morte. 
.  Maneira de forjarmos uma estratégia com vistas a diminuir suas investidas pusilânimes,  é ficarmos de quarentena,  recolhidos em nossas casas, não  formarmos grupos, evitarmos  sair como antes, só mesmo quando necessário.  É preciso  cautela até que se ache o antídoto para mandá-la para as funduras do pior abismo. Lugar que ela merece habitar para todo o sempre,   dormir e se alimentar de nadas, como é de sua predileção. 
Como penso que a linguagem literária é a mais completa  como leitura do mundo e a literatura é  forma de conhecimento da vida  fundamental como o amanhecer, além de ser fonte de prazer, quando se tem em mãos um bom livro, bem escrito, que conte uma história com surpreendentes sentidos,  sugiro que alguns que  vão me ler nessa crônica reserve um pouco de seu tempo de quarentena e tente escrever histórias, crônicas, poemas,  como forma de conversar no seu estar no mundo,  tomando a palavra emprestada do sonho.  Mostre à esposa, ao filho, ao amigo, as histórias, as crônicas  ou  poemas que você escreveu. Qualquer um pode tentar. A beleza e o encantamento da vida estão em tudo. |Com a arte da palavra, você também irá descobrir isso, tenho certeza.     
Afinal, todos nós, de poeta, médico e louco temos um pouco. Por que não de escritor, seja o nosso canto alegre, triste  ou rouco?








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