Bilhete do Rio Cachoeira
para o Prefeito Vane
Cyro de Mattos
Eu não me canso de dizer que estou morrendo,
Gente, dê-me a mão, antes tarde do que nunca.
Tenho sede, tenho fome, tenho de tudo
Saudade, do tempo que fugiu da música
Sempre bonita, das estações temperadas
Com sol e chuva. Peixes que ofertei a tantas
Bocas, água, areia de minhas moradas,
Meus sonhos quando a lua derramava prata.
Na triste descida que dia e noite faço
Em viscosas mágoas, pesadas de vômitos
Que me jogam, nesse volume de detritos
Contaminando-me a todo instante, no raso
E no fundo, lembro, sem saber pra onde vou,
Manhãs e tardes naquelas vagas do amor.
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