Páginas

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Ecos do Campo da Desportiva
                    
                                         
                                            

Recebi e-mail de Florisvaldo Mattos, grapiúna de Uruçuca, antiga Água Preta, jornalista e consagrado  poeta baiano. Leia o que ele mandou dizer:

“Vivamente interessado, até curioso e encantado, logo que recebi hoje, bailei (como dizem os argentinos) por toda a extensão de seu O Velho Campo da Desportiva, lembrando de coisas a que assisti, acompanhei, e pessoas, então jovens, com as quais convivi, e até com elas joguei em peladas vespertinas naquele templo de emoções juvenis, em companhia de Vitório e seu irmão, o vitorioso e consagrado no futebol amador, Zequinha Carmo, ambos meus colegas no Ginásio da Divina Providência. Joguei também peladas com mais dois ali, embora não lhes tenha acompanhado as carreiras vitoriosas, desde que, quando brilharam  na seleção de Itabuna e em clubes, eu já não andava por Itabuna, formado em Direito e fazendo jornalismo em Salvador. Joguei  também na Desportiva com Santinho e Tombinha.  No entanto, presenciei pelo menos dois eventos daquela saga aqui na capital: quando da conquista do torneio intermunicipal na Fonte Nova, em 1957 (tinha que estar lá por questão de honra e fidelidade a origens adolescentes), e, em 1961, quando a seleção jogava uma partida, no Campo da Graça, então destinado a jogos da divisão de amadores, contra seleção municipal cujo nome não guardo, mas lembro que a vitória pertenceu a Itabuna, com Zequinha Carmo goleador.
“Suas narrativas me trouxeram novidades interessantes, mas as maiores foram  referentes ao jogador Nandinho (Epaminondas da Silva Moura), que jogou no Flamengo, com muita classe e fama nos anos de 1941, 42 e 43, sendo duas vezes campeão, na avalanche para o tricampeonato de 1944. Primeiro, não sabia que ele era itabunense; nem que era tio do saudoso Santinho. Sabia que jogara no Bahia. Tanta fama conquistou este craque, malabarista da bola e goleador, que talvez seja o único futebolista baiano a figurar em letra de samba, como neste que foi sucesso na época (1941) na voz do grande Moreira da Silva - "Doutor em futebol", samba de Waldemar Pujol e Moacyr Bernardino -, em cuja letra protagonizam dois versos, acentuando a ginga da interpretação, pois, numa tirada de humor malandro, o personagem promete ser "um craque verdadeiro, um perigoso artilheiro, e ser sucessor de Pirilo" (grande goleador daquele Flamengo), para então adiante avisar: "suplantando o sêo Nandinho", no drible de corpo. Fui ver no Google, Nandinho nasceu em 8 de novembro de 1922, não em 1921, mas não encontrei data de falecimento dele. Estará vivo ainda? Como resgate de uma saga esportiva, seu livro é um primor de memória cultural e sentimental. Em tempo: também tive dúvidas quanto ao time em que jogava o craque mineiro Barbatana, um primor de centromédio, hoje meia de ligação, eu vi jogar. Suponho que se chamava Metalusina. Parabéns, grande, e um abraço. Florisvaldo”.
Já em outro e-mail opina o poeta e jornalista Florisvaldo Mattos sobre a essência sensitiva do meu  livro O Velho Campo da Desportiva:É um livro precioso, para espíritos que se associam a essa lembrança  do passado itabunense recente, ditado pelas vozes do coração e do amor à terra e sua  gente”.
Adianto ao leitor que O Velho Campo da Desportiva não é um livro de história, que precisa relacionar os fatos com neutralidade, objetividade, seqüenciando-os com precisão as datas e situações elencadas. Trata-se de livro de memórias, que relata e, ao mesmo tempo,  recria o que o autor viveu com a alma sensível de quem participou, viu e  ouviu sobre a vida em determinado lugar. Não é um livro que arrolou  pessoas e fatos para servir de documento para quem queira abordar o assunto sob bases históricas. É formado de gente e suas emoções,   que ficaram latejando na alma do autor e que emergem no livro, hoje, através dos sinais  visíveis da escrita  para tocar o coração do leitor.  Busca recuperar um tempo perdido, sem querer agradar o ego de algumas pessoas, sobreviventes daquela saga.   
Quanto ao amigo Florisvaldo Mattos, grapiúna de Uruçuca, antiga Água Preta, homem generoso, desprovido da inveja e intriga, jornalista  lúcido, que sabe com equilíbrio  analisar e aproximar dos fatos as pessoas,  poeta humaníssimo, de linguagem cativante, rara inspiração, reconhecido nacionalmente,  só me resta agradecer comovido suas impressões lúcidas,  favoráveis ao  meu livro O Velho Campo da Desportiva. As memórias relatadas e as literárias,  reunidas  no livro, com feição de crônica, são dedicadas aos que fizeram daquele campo de futebol amador  um lugar de encanto, lazer e emoções.  



Nenhum comentário:

Postar um comentário