TE ESTREMECES POR EL LOBO Y EL CORDERO
Poema de Alfredo Pérez Alencart *
Te estremeces por el lobo y al cordero.
Amas ultrahumanamente, sin límites, como la música
del universo. Oh profunda sinfonía forjando
lo sagrado de principio a fin, alto asidero donde
sobrepuja
la esperanza. Oh sucesión eterna que desatas
unisonancias, instintos trajinando hacia el magma
de lo trascendente, de la cadencia absolutoria
concebida compartiendo a ultranza las aguas
profundas
y las hondas delicias de un contravuelo angélico
que se abroquela para recibir al Viento más feraz.
Siempreviva estás, trashumante presencia.
Te hospedas en la Luz que no aniquilan los ocasos.
Estando sin estar, eres evidencia,
cerebro verbal resaltando chispas de pureza,
latidos sin cautiverio, ciertísimo llamado de
traslación
más allá de anhelos y desveladas ensoñaciones.
Pertenencia al páramo del Desprendido de sí,
a su oculto ritmo, a su lenta llama venturosamente
extemporal, cual indescifrable alianza.
Pertenencia al portal de los testigos,
al presagio de otro Reino, al aliento acrisolado
cual plenitud donde prospera lo sublime.
Pertenencia al verbo de una estrella.
Pertenencia al llagado cuerpo de doliente ternura.
Pertenencia al ala que se desvanece por los aires.
Pertenencia al linaje que acopia inocencias de
siete en siete.
Te perpetúas en la antelación de la alegría
y asciendes, porque tu Unidad sabe la fórmula
de diásporas y deslumbramientos.
Clamas por tu orfandad. Clamas contra látigos
agresivos,
fraternizando con los perseguidos, abrazándoles,
compartiéndoles la realidad que hay en los
milagros.
Nada te desmide,
Criatura de nombre hermosamente pronunciado,
piel consumante, contorno que se aviene a penetrar
en frondas de cálido renacer.
Mantienes el don de ser el antes y el después,
lámpara alumbrando los vuelos breves del pájaro, su
sombra
en la alta noche del abismo.
Conduces los fervores hacia el alba adolescente,
pulsas con tu estatura de Árbol de vida, riegas
violetas
con el cause de tus transpiraciones.
¡Horizontal ejemplo el de las manos extendidas,
el del pulso que sustenta! ¡Belleza de la Forma en
el paisaje!
¡Oh Dios, qué desnudo afán el de este Amor
avanzando eterno, dándose así, tan pródigo!
¿Qué savias vas donando?, ¿qué otras luciérnagas te
rondan?
TE AGITAS PELO LOBO E O CORDEIRO
Poema de Alfredo Pérez Alencart
Tradução de Cláudio Aguiar*
Te estremeces pelo lobo e pelo cordeiro.
Amas de forma ultra-humana, sem limites, como a
música
do universo. Oh profunda sinfonia forjando
o sagrado do começo ao fim, alto pretexto onde
domina
a esperança. Oh sucessão eterna que desencadeias
assonâncias, instintos laborando rumo ao magma
do transcendente, da cadência absoluta
concebida com o compartilhamento das águas
profundas
e das saborosas delícias de um contravoo angelical
acomodadas para suportar o Vento mais copioso.
Estarás como a sempre-viva, qual presença
transumante.
Ficarás na luz que não mata o pôr do sol.
Estando sem estar, tu eres evidência,
cérebro verbal destacando faíscas de pureza,
pulsações sem cativeiro, correta chamada de
translação
além de anseios e de desvelados sonhos.
Pertencias ao terreno do Despretensioso,
ao seu ritmo oculto, à sua chama lenta, felizmente
extemporânea, qual aliança indecifrável.
Pertencias ao portal das testemunhas,
para profecia de outro Reino, ao refinado alento,
cuja plenitude reside onde floresce o sublime.
Integravas o verbo de uma estrela.
Pertencias ao corpo ferido de ternura sofredora.
Pertencendo à asa que desaparece pelos ares.
Pertencias à linhagem que coleta inocências de sete
em sete.
Te perpetuas na antecipação da alegria
e ascendes, porque tua Unidade conhece a fórmula
das diásporas e dos deslumbramentos.
Clamas por tua orfandade. Clamas contra chicotes
agressivos,
confraternizando com os perseguidos, abraçando-os,
compartilhando com eles a realidade dos milagres.
Nada te rebaixa,
criatura de nome formosamente pronunciado,
pele aliciante, contorno para penetrar
em frondes de renascimento quente.
Tu manténs o dom de ser o antes e o depois,
lâmpada iluminando os breves voos do pássaro, sua
sombra
na alta noite do abismo.
Conduzes os fervores rumo ao amanhecer adolescente,
pulsas com tua estatura de Árvore da vida, regas
violetas
com o leito de tuas transpirações.
Exemplo horizontal o das mãos estendidas,
o do pulso que sustenta! Beleza da forma na
paisagem!
Oh Deus, que desejo nu é este Amor
avançando eterno, dando-se, assim, tão pródigo!
Que seivas estás doando? Que outros vaga-lumes te
rodeiam?
*Poeta peruano-espanhol, Alfredo
Pérez Alencart reside em Salamanca, Espanha, onde é professor universitário e organizador
dos Encontros de Poetas Ibero-Americanos. Poeta premiado, de reconhecimento
internacional. Já publicou mais de uma vintena de livros de poesia, é traduzido
e publicado em inúmeros idiomas.
** Cláudio Aguiar é ficcionista e
ensaísta. Autor premiado com o Jabuti e pela União Brasileira de Escritores do Rio
de Janeiro. Foi presidente do Pen Clube do Brasil.