Dez Anos da Academia de Letras de Itabuna
Cyro de
Mattos
A Academia de Letras de Itabuna,
carinhosamente chamada ALITA, foi instalada em 19 de abril de 2011, data em que
se comemora o Dia do Índio, esse primeiro habitante do Brasil, que com a sua
gente indefesa foi usurpado e massacrado pelo colonizador europeu, e que até
hoje caminha nos rastros da desgraça. Essa instituição está cumprindo hoje dez
anos de atividades na área das letras e do saber. Tudo aconteceu quando, depois
de exaustivas reuniões, na sede da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, da
qual eu era o presidente, ela foi criada numa manhã de alegria, tendo como
patrono o escritor Adonias Filho.
A
ideia de sua criação veio em razão da dissidência que tive na primeira reunião
para a instalação da Academia Grapiúna de Letras, pois não me sentia bem com as
perspectivas na constituição do quadro de associados daquela primeira instituição.
Logo depois os juízes de direito Marcos Bandeira e Antônio Laranjeiras afastaram-se
também da Academia Grapiúna de Letras, e, com o promotor Carlos Eduardo Passos,
voltaram a insistir comigo para que fosse criada outra academia de letras em
Itabuna.
Resisti a princípio quanto à minha
participação na segunda academia, depois resolvi aderir à ideia por amor a
Itabuna e devoção à literatura. Cedi a sala de diretoria da Fundação Itabunense
de Cultura e Cidadania para as reuniões preliminares. Em nossos primeiros
encontros discutimos a respeito do quadro de patronos e de membros efetivos, sobre
a elaboração do estatuto e do regimento. As confreiras Sônia Maron e Sione
Porto tiveram papel importante na confecção desses documentos. Indiquei a maioria dos nomes para compor o quadro
de patronos e de membros.
A Academia de Letras de
Itabuna vem se mantendo com dificuldades, ao longo desses dez anos. Sem
recurso financeiro para responder aos seus propósitos, Deus sabe como teima em
existir com base na determinação e sonho de alguns abnegados. Destacam-se, nessa
fase de sua infância, entre as suas atividades principais, os eventos
seguuintes:
Solenidade de instalação no salão
nobre da FTC, com o presidente da Academia de Letras da Bahia, o escritor Aramis
Ribeiro Costa, dando posse aos novos acadêmicos
Janete Ruiz, Antônio Laranjeiras,
Carlos Eduardo Passos, Cyro de Mattos, Rui Póvoas, Carlos Valder, Ari Quadros,
Ceres Marylise, Sione Porto, Sônia Carvalho Maron de Almeida, Maria Palma de Andrade,
Maria de Lourdes Neto Simões, Marcos Bandeira e Baísa Nora; a criação do site com
destaque para as atuações de Ceres
Marylise no início e ano depois Raquel Rocha; programação especial do Centenário Jorge
Amado; Mês da Consciência Negra, com o tema Códigos da Pele, no terreiro de
candomblé do professor e babalorixá Rui Póvoas; comemoração do Dia do Índio; posse
dos acadêmicos Hélio Pólvora, Edivaldo
Brito, Celina Santos, Raquel Rocha, Jorge Batista, Ritinha Dantas,
Raimunda Assis, João Otávio, Silmara Oliveira, Delile Moreira, Cristiano Lobo, Aleilton Fonseca e Renato
Prata; criação da logomarca “Litteris
Amplecti”, Letras em Abraço; lançamento dos livros Atalhos e Descaminhos” , de Ceres Marylise, Corpo e Alma, de
Sione Porto, Sendas e Trilhas, de
Delile Moreira, Entre Margens, de
Margarida Fahel, O Canto Contido,
de Valdelice Soares Pinheiro, Histórias Dispersas de Adonias Filho, Os Ventos Gemedores, romance, e O
Velho Campo da Desportiva, os dois últimos livros de nossa autoria; o Natal da
Alita no espaço cultural do Montepio dos Artistas; Projeto Roda de Leitura, de
autoria de Raquel Rocha, com contação de
histórias pelos alitanos nas escolas; participação na comemoração do Centenário
de Adonias Filho em Itajuípe; e o
lançamento de três números da revista Guriatã, da qual fui idealizador e sou o
editor atual.
Nesses dez anos de ousadia e sonho, ressalte-se
na presidência da Academia a atuação dos juízes de direito Marcos Bandeira e
Sonia Carvalho e, atualmente, da professora Silmara Oliveira, que vem
recorrendo à realização de “lives” para a discussão de assuntos internos e
temas importantes, como o do legado de nosso patrono Adonias Filho e o da
situação do menor na sociedade de hoje.
Nesse percurso de dedicação e
sacrifício, não se pode deixar de agradecer à Faculdade de Tecnologia e
Ciência, na pessoa de seu diretor geral Cristiano Lobo, nosso confrade, pelos
serviços que nos vem prestando em parceria generosa.
Apesar
dos tempos difíceis, agravados com a traição da noite exercida sem piedade pelo
coronavírus, e até mesmo como resistência em nossa cidadela do saber para ser, exorto
nesse instante a caminhada árdua dessa instituição, dizendo contente, avante, ó
Academia de Letras de Itabuna, com o seu espírito de corpo constituído de valores
indiscutíveis e formas de conhecimento da vida
desde o seu amanhecer, andamento para o bem das letras e grandeza da
cultura local, da Bahia e do Brasil. Concluo minha breve exposição, talvez com
formato de crônica, lembrando os versos de Fernando Pessoa, o genial poeta
português:
Deus
quere, o homem sonha, a obra nasce.
Deus
quis que a terra fosse toda uma,
Que
o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te,
e foste desvendando a espuma.