Com a
Palavra, Cyro de Mattos
Entrevista a Antônio Nahud
01
Quem é o escritor Cyro de Mattos?
Uma pessoa simples, vive para a família,
sua esposa Mariza, suas bases importantes, seus filhos e netos. Tem grande
paixão pelos livros. Nasceu em Itabuna, cidade no Sul da Bahia, em 31 de
janeiro de 1939. Seus pais, Augusto Mattos e Josefina Pereira de Mattos, são de
origens humildes
02
Como surgiu a vocação literária? Seria
possível um resumo da sua trajetória?
Minhas primeiras leituras foram as revistas em
quadrinho, eram chamadas pelos meninos daquela época de gibi e guri. Foi aí que conheci meus heróis inesquecíveis:
Batman, Capitão Marvel, Super-Homem, Homem Aranha, O Fantasma, Mandrake, Homem
Submarino e Tocha Humana. No Cine Itabuna, uma tela mágica seduziu-me com
heróis incríveis, Tarzan, Flash Gordon, Dick Tracy, Buck Jones, Durango Kid, Os
Três Mosqueteiros, mais o encanto dos desenhos de Walt Disney, o riso com
Oscarito e Grande Otelo, O Gordo e O Magro. Quando li O Escaravelho de Ouro e O
Fantasma da Rua Morgue, histórias de Edgar Allan Poe, David Coperfield,
de Charles Dickens, Reinações de Narizinho e As Aventuras de Pedrinho,
de Monteiro Lobato, perguntei como é que podia sair tanta coisa da cabeça de
uma pessoa. Penso que desse imaginário
cativante, que começou na infância, está o embrião do futuro escritor. Nas bibliotecas dos colégios em Salvador
aprofundei minhas leituras com Cervantes, Shakespeare, Camões, Dante Alighieri,
Homero, Ovídio, Voltaire, Artur Schopenhauer, Rousseau, Balzac, Gustave
Flaubert, Tolstói, Dostoievski, Eça de Queiroz, Augusto dos Anjos e Machado de
Assis, entre outros autores excepcionais. Depois, em minhas visitas frequentes
à Livraria Civilização Brasileira, passei a ler os brasileiros Adonias Filho,
Jorge Amado, Lucio Cardoso, Autran Dourado, Cornélio Pena, Guimarães Rosa,
Graciliano Ramos, Clarice Lispector, Drummond, Cecilia Meireles, Manuel
Bandeira e os estrangeiros Sartre, Ionesco, Camus, Brecht, Kafka, William Faulkner,
Norman Mailer, Ray Bradbury, James Joyce, Mary Mac Carthy, George Well, Scott
Fitzgerald, Henry James, Herman Hesse, Fernando Pessoa e outros autores
magistrais. Lia tudo que caía em minhas mãos durante os dez anos que vivi em
Salvador. Em 1960 escrevi meu primeiro conto A Corrida, foi aprovado pelo
editor do Jornal da Bahia, que era João Ubaldo Ribeiro, e publicado no
suplemento desse jornal. Daí para cá nunca parei de escrever, minha corrida tem
sido numa estrada a essa altura comprida. São mais de 65 anos tendo a
literatura como forma de viver. Minha obra é constituída de 71 livros pessoais,
de diversos gêneros. Também editada no exterior. Reconhecida com prêmios no
Brasil, México, Portugal, Itália e Cuba. Distinguida com a Medalha Zumbi dos
Palmares, da Câmara de Vereadores de Salvador, e a Comenda Dois de Julho da
Assembleia Estadual da Bahia. Por nossa trajetória recebemos o título de Doutor
Honoris Causa, da Universidade Estadual de Santa Cruz, Sul da Bahia. Esse
reconhecimento e distinções não sobem pela minha cabeça, incentivam-me a
continuar na jornada.
03
A literatura foi opção, destino ou
necessidade?
As três coisas. Primeiro foi o leitor,
depois o escritor. O que era hábito no início para auscultar a vida tornou-se
uma necessidade essencial e, em certa altura de minha vida, de crise
existencial aguda, socorreu-me para que eu não sucumbisse. A literatura não
muda o mundo, transforma as pessoas. Não resolve os problemas políticos,
sociais e econômicos, mas é fundamental como o amanhecer. Sem ela é impossível
viver. Essa é minha vida no ar, a de sonhar e a de beijar. No azul meu canto, no azul meu encanto, sem o
azul no caos desencanto. Posso ser um grão no deserto onde tudo arrisco, mas
sem a literatura a vida não tem graça, não há o riso, a lágrima, o beijo, a
planta parindo a flor, o braço ao abraço, o epitáfio, o sentido ante o enigma
do mundo.
04
Se nasce escritor ou se torna escritor?
Não fui um menino que aos oito anos
escreveu um poema e recitou no colégio para comemorar o aniversário da
diretora. A leitura que ia fazendo de bons autores foram me dando medidas para
conhecer o ofício. Não se faz literatura só com inspiração, a transpiração é
essencial, como um processo de experimentação em que entra o aprendizado de
forma e fundo com a sua carga criativa. O resultado devolve ao ser humano o que
é dele próprio, a razão e a emoção. Enuncia com múltiplas vozes o testemunho
crítico de seu tempo, expressa no texto o que se quer dizer da vida com as suas
questões, descobertas e sustos esplêndidos. Algo vai mexendo na alma, dentro
com as nossas dores, fora com as do mundo. Faz sofrer, também dá prazer,
diverte. Quer saber escrever? Leia os grandes autores, os latinos americanos,
como Jorge Luís Borges, Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Carlos Fuentes,
Mario Vargas Llosa e Juan Rulfo. Coloque na lista o português José Saramago, o
grego Kazantzaks, o romeno Constantin Virgil Gheorghiu e o espanhol García
Lorca. O prazer da leitura provoca a vocação, oxigena a compulsão com os
sentimentos de mundo. Acrescento que nessa transpiração, para ter conhecimento
do que faço com afinco e de como os outros autores escrevem enredos, criam
personagens, versos que marcam, sempre gostei de ler os teóricos e críticos de
literatura, como Curtius, Aristóteles, Damaso Alonso, Carlos Bousoño, Oto Maria
Carpeaux, René Welek, Austin Warren, Herbert Read, Wolfgang Kaiser, Ernst
Fischer, Octavio Paz, Emil Steiger, Teodorov, Ezra Pound, Afrânio Coutinho,
Nelly Novaes Coelho e Eduardo Portela, entre outros. Com eles obtive o instrumental teórico
necessário para ler bem uma obra literária e escrever com segurança, sem
palpites ou impressões do achismo, uma resenha ou crítica.
05
O cronista Rubem Braga manteve durante
muitos anos, na revista “Manchete”, uma seção intitulada “A Poesia é
Necessária”. Depois, numa crônica, ele conta que houve mudança na direção da
revista e foi informado de que a poesia não era mais necessária. E hoje, no
século XXI, a poesia é necessária?
Sim, angústia e sonho são inerentes ao
ser humano, crença e incerteza. A poesia afasta nossos medos, equilibra-nos
entre vazios e em tudo aquilo que faz parte de nossas circunstâncias críticas
como experiência da existência. A poesia está em tudo, à espera de ser
descoberta. Possui uma linguagem tão dela para dizer o indizível, uma atitude
própria e profunda para negar todo o peso terrestre que carregamos diante do
inexorável. É a única linguagem que usa
a palavra mítica, simuladora da vida, tomada emprestada ao sonho. E o faz com
tamanha argúcia e largueza, que nos dá a sensação de ser a mais abrangente de
todas para auscultar a existência em sua totalidade. Dizer do mundo em seus
caminhos e descaminhos, inaugurar sentidos, penetrar com sabedoria na problemática
existencial do indivíduo.
06
Como é o seu método com a prosa? Escreve
diariamente ou quando dá vontade? Escreve e reescreve? Joga muita coisa fora?
Antes dos tempos eletrônicos, escrevia,
apagava deslizes e revisava. De uns tempos para cá com o avanço da tecnologia,
digito e aproveito quase tudo, faço pequenas correções. Agora mesmo acabo de
escrever o romance Senhora Eleonora em quatro meses, se fosse antes
seria em mais de um ano. É um romance mediano, de quase duzentas páginas, em
que procuro desconstruir o modelo matrimonial imposto pelo machismo e
preconceitos numa cidade imaginária, que serve de espaço para os conflitos e
atritos das cotidianas relações familiares.
07
Nasceu em Itabuna, nossa cidade. O que
guarda no coração da sua vivência nela?
Minha infância como expressão do sonho e
liberdade. Aprendi a nadar no rio Cachoeira, mergulhar e pescar com os amigos,
cada um querendo ser herói naqueles ventos afoitos, do prazer e ilusão. Mal a
manhã despertava, a aurora acenava para novas aventuras pelos campinhos de
futebol improvisados nos terrenos baldios e na beira do rio. Itabuna está
dentro de mim com a primeira gravata, a primeira namorada, a primeira hóstia
consagrada, o primeiro São João, o primeiro Natal, as festas elegantes do
Grapiúna Tênis Clube, a procissão da Sexta-Feira da Paixão. Como nos disse
Adonias Filho, é preciso ter vivido muito para saber que para onde você for
levará consigo a sua cidade com as suas lembranças. Os filmes de bangue-bangue
exibidos no único cinema, frequentado pela garotada, o apito do trem como uma
coisa viva, os burros transportando cacau seco pela avenida do comércio,
passistas em andadura sob uma música de metal, os sonhos da primavera no
Ginásio Divina Providência, as partidas da seleção amadora de futebol no velho
Campo da Desportiva, enfim, os pais, os parentes, os amigos, os bichos de
estimação e tudo o mais que desaparece um dia para sempre, infelizmente.
08
Alguém escrevia na sua família? Havia
incentivo literário em casa?
Minha mãe contava história para o menino
voar, dormir e sonhar. Quanto mais contava, mais ele gostava, e não se cansava.
Meu pai queria que eu fosse advogado, escritor não põe comida no prato, ele
dizia. Ficou decepcionado quando o filho vendeu o escritório de advocacia e foi
para o Rio de Janeiro fazer jornalismo e, ao mesmo tempo, exercer uma carreira
literária. Ressalte-se que o pai queria o melhor para o filho, como uma pessoa
iletrada, que aprendeu a competir com as duras lições da vida, não podia pensar
diferente. O melhor para ele era ser advogado ou médico, só assim o filho seria
gente, teria prestígio e ganharia a vida com mais facilidade.
09
Como despertou para o imaginário
literário?
Já respondi.
10
Houve algum contista que o tocou
profundamente na época dos primeiros contos? Alguma influência?
Um mesmo não tive, mas no Brasil fiquei
impressionado bastante quando li os contos de Luís Vilela, Dalton Trevisan,
João Antônio, José J. Veiga, Caio Porfírio Carneiro, Rubem Fonseca, Ricardo
Ramos, Clarice Lispector. Lygia Fagundes Telles, Roberto Drumond e Guimarães
Rosa. Tocaram-me os contos impressionistas de Hélio Pólvora e, em especial, a
narrativa Os Galos da Aurora, imbatível como história de bicho. No exterior,
ressalto as histórias de Bocaccio, Edgar Allan Poe, Maupassant, O. Henry, Ray
Bradbury, Ernest Hemingway, Anton Tchecov, Kafka, Katherine Mansfield e Miguel
Torga, entre outros.
11
Na sua juventude, fez parte de algum
círculo literário na região grapiúna? Realizaram algum projeto cultural? Tinha
amizade principalmente com quais escritores?
Em Salvador fiz parte da Geração Revista
da Bahia, ao lado de Carlos Falck, Ildásio Tavares, Alberto Silva, Adelmo
Oliveira, Olney São Paulo, Oleone Coelho Fontes, Sonia Coutinho, Maria da
Conceição Paranhos, Ricardo Cruz e Fernando Batinga. Em Itabuna dirigi a
Primeira Jogralesca da Cidade, encenada no Teatrinho ABC, apresentando poemas
de Mário de Andrade, Joaquim Cardoso, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Jorge
de Lima, Carlos Drummond de Andrade,
Cassiano Ricardo, Raul Bop e Florisvaldo Matos, interpretados por
Roberto Junquilho, Chiquinho Briglia, Gonzales e Kfoury. Como diretor do Centro
de Cultura Adonias Filho e Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, apesar
de verbas insuficientes, produzimos eventos relevantes. No CCAF lembro a Semana
da Consciência Negra, Retrospectiva do Artista Walter Moreira, exposição de
pintura por mulheres de Itabuna e apoio a grupos e teatro. Na FICC destaque
para o Dia do Índio, com apresentação do toré pelos pataxós na praça Camacã,
Natal para Todos, apresentação da Orquestra Sinfônica da Bahia, ampliação do
Fesival Firmino Rocha, criação de oficinas,
Monumento da Saga Grapiúna, renovação do acervo da Biblioteca Plínio de
Almeida, com aquisição na Fundação da Biblioteca Nacional de dois mil volumes de obras importantes,
além de mobiliário novo, lançamento da obra de Plínio de Almeida, Florisvaldo
Mattos e autores emergentes, exibição do
Circo Vox Populi, um braço do Circo Soieil, DVDs Saudosa Desportiva,
Gloriosa Seleção, Ferradas, Um Berço Amado, Itabuna, a História Contada.
12
Como conciliava sua vida de advogado com
a literatura?
Foi difícil. A advocacia foi um bom
aprendizado de vida, as bases da sobrevivência, com ela criei meus filhos,
correspondi às necessidades materiais da família. Literatura sempre foi minha
paixão. Em 1966 fui para o Rio, estava me dando muito bem na metrópole, como
jornalista e escritor, mas tive que retornar à terra natal para resolver
problemas em família. Já estava casado e com dois filhos pequenos. Como fui
ficando a contragosto na terra natal, sem solução para problemas agudos em
família, o tempo passava e não retornava para o Rio, sentia-me ameaçado de
perder o sonho de ser escritor. Endividado, sem emprego, perdi o que tinha no
Rio como redator dos Diários Associados, voltei a advogar em Itabuna para
sobreviver. A advocacia não conciliava com a literatura, são atividades
diferentes, a primeira absorvia a segunda, tinha medo que estivesse dando adeus
às leituras e escritos literários. Fui morar em uma fazendinha na região de
Ferradas, sem energia elétrica e água encanada. Foram tempos duros, mas sobrevivi
aos momentos críticos na difícil lei da vida.
Advoguei mais de cinquenta anos em Itabuna e cidades vizinhas. Consegui
não sei como, nesse momento crítico de minha vida, ser advogado e escrever
livros em prosa e verso. Foi assim que com muito esforço fui advogado e aos
trancos me tornei escritor, bem ou mal, debatendo-me entre incertezas e angústias. Nunca deixei de me
refugiar na cidadela do meu sonho literário do qual nunca me separei.
13
Meu pai Antônio e meu tio paterno e
padrinho, Gervásio Santos, que incentivou bastante minha trajetória como
escritor, eram seus amigos. Como surgiu a amizade de vocês?
Morávamos na mesma rua, meu pai era
amigo de Seu Bispo, o seu avô. Eram homens de origens humilde, iletrados,
lutaram muito para sustentar os filhos nos estudos. Tonho, seu pai, foi meu
contemporâneo no Ginásio Divina Providência, Era um jovem muito bom de papo,
sorridente, dando a entender que estava de bem com a vida. Foi meu goleiro na
seleção de futebol do ginásio. Gervásio
viajava comigo em meu fusca para acompanharmos a seleção amadora de Itabuna nas
partidas do Campeonato Intermunicipal quando o jogo era na casa do adversário.
Ele gostava de apostar em nossa seleção, ganhava sempre. Fui parceiro dele na
boêmia itabunense, nem sempre, não tinha fôlego para acompanhá-lo, o homem era
fogo, mandava nas noites da cidade.
14
Como foi o primeiro livro? Como
aconteceu o processo criativo? Tardou muitos anos para finalizá-lo?
Risquei de minha bibliografia meus dois
primeiros livros, envelheceram cedo. Considero minha estreia Os Brabos,
quatro narrativas de ficção escritas quando morava com Mariza e os dois filhos
André e Josefina numa fazendinha da região de Ferradas, em condições precárias.
Escrevi as quatro narrativas de Os Brabos à luz de lampião. Foi muito sofrido, mas valeu, o livro deu-me
por unanimidade o Prêmio Nacional de Ficção Afonso Arinos da Academia
Brasileira de Letras. Publicado pela Editora Civilização Brasileira, uma das
maiores na época, lançou-me no circuito nacional das letras. Alceu Amoroso Lima, relator do certame,
observou em seu parecer: “Extraordinária capacidade de dar aos aspectos mais
típicos da realidade nacional, em estilo profundamente impregnado da nossa fala
brasileira, a revelação de um escritor visceralmente nosso...admirável
ficcionista.”
15
Poderia falar um pouco da sua vida em
família?
Houve divergências em fase difícil, mas
ficamos reunidos com base no amor e crença nos valores cristãos. Minha união
com Mariza já dura 60 anos. Ela é minha sustentação, batia na máquina de
datilografia meus livros, apontava alguns deslizes, sempre ajudou como a minha
primeira leitora. Quando escrevo, na madrugada de um homem só, em silêncio
conversando com outras vozes, ela diz: “Cyro, ainda está no computador a essa
hora? Venha dormir, meu amor.” Deu-me três filhos e seis netos, todos eles
maravilhosos. Inspirado em nossa união física e espiritual publiquei o pequeno
livro Vinte e Um Poemas de Amor, com ilustrações belíssimas da
desenhista baiana Edsoleda Santos. Esse livro foi também publicado em Portugal
pela editora Palimage. Teve lançamento na Casa da Escrita da Universidade de
Coimbra.
16
Como traduz a literatura do sul da
Bahia?
Portentosa, nomes como os de Jorge
Amado, Adonias Filho, Hélio Pólvora, Jorge Medauar, Sosígenes Costa,
Florisvaldo Matos, Sonia Coutinho, Jorge Araújo, Elvira Foeppel, Telmo Padilha,
Ildásio Tavares, Marcos Santarrita, Euclides Neto, Ricardo Cruz e Valdelice
Soares Pinheiro engrandecem qualquer boa literatura. Outros autores estão chegando para com suas
criações dar andamento ao legado desse conjunto de escritores do melhor
exemplo. Apesar de cometer o pecado da omissão, cito
alguns deles: Renato Prata, Heloísa Prazeres, Piligra, Margarida Fahel, Antonio
Junior, Marco Luedy, Gustavo Felicíssimo, Ruy Póvoas, Heitor Brasileiro e Pawlo
Cidade.
17
Teve alguma temporada morando fora de
Itabuna? Caso sim, como foi? Alguma convivência literária?
Vivi um período de cinco anos no Rio de
Janeiro, a partir de 1966. Lá, atuei
como redator de O Jornal e Jornal do Comércio, dos Diários Associados. Fui
colaborador do Jornal do Escritor, de José Louzeiro, redator da Revista do
Turismo e de Posto de Serviço, editadas por Fernando Leite Mendes e Sebastião
Nery. Publiquei no Suplemento do Livro do Jornal do Brasil, editado por Assis
Brasil, revistas Cadernos Brasileiros, de José Valadares, Leitura, de Barbosa
Melo, e A Cigarra, editada por Herberto Sales e José Cândido de Carvalho. Nesse
tempo conheci os escritores Adonias Filho, Herberto Sales, Santos Moraes, José
Cândido de Carvalho, Nélida Piñon, Moacyr Lopes, José Louzeiro, Assis Brasil,
José Edson Gomes, excelente contista, anda esquecido, e o designer Ignácio
Alencar. Estreitei a amizade com Alberto Silva, Hélio Pólvora e Sonia Coutinho.
Foi um período muito rico em minha vida de jornalista e escritor iniciante,
tempo de saudosas lembranças.
18
Durante algum tempo atuou no jornalismo
grapiúna. Trabalhou em algum jornal? Teve colunas fixas? Lembra dos colegas
jornalistas?
Atuei no jornalismo local durante grande
parte de minha vida, como colaborador com textos, crônicas, contos e
poemas. Assinei a coluna O Aprendiz de
Cultura no jornal SB Informações e Negócios, de Hélio Nunes e Nelito
Carvalho. Fiz no ambiente de jornal
amizade com Célio Nunes e Roberto Junquilho, bons redatores, e o cronista
Manoel Lins. Assinei durante anos uma
crônica semanal para o Diário Bahia. Colaborei também no jornal Agora, de José
Adervan, e Cacau/Letras, editado por Hélio Pólvora. Hoje colaboro, quinzenalmente, com textos de
assunto diverso no jornal A Região.
19
E a experiência como diretor da
F.I.C.C.? Foi satisfatória?
Não em muitos aspectos. Não tive
autonomia para formar uma equipe como desejava. A verba destinada à FICC pelo
Executivo Municipal mal dava para pagar os funcionários. Não tive apoio em
certas demandas cujos direitos reivindiquei porque pertenciam à instituição.
Fiquei por lá quase três anos, engolindo cobras e lagartos, principalmente por
parte de alguns jornalistas tendenciosos, que se julgavam donos da cultura
local. Apesar de tudo, com alguns
funcionários leais, dedicados e competentes, realizamos muitos eventos
culturais.
20
Como é sua vivência nas Academias de
Letras da Bahia, Itabuna e Ilhéus?
Saudável com a Academia de Letras da
Bahia e de Ilhéus. Com a Academia de Letras de Itabuna, da qual sou membro
fundador e atual Presidente de Honra, tenho momentos de encanto e desencanto.
Por estar mais perto dessa instituição, que ajudei a fundar e crescer, talvez,
a convivência às vezes não seja fácil.
Procuro dar às três entidades o que posso de mim, buscando sempre
contribuir para a afirmação e valorização de cada uma, apoiado na ética,
cumprindo suas finalidades estatutárias.
21
Qual é a importância do estilo
literário?
O romancista e crítico Assis Brasil me
disse certa vez que o estilo salva o escritor. Quando se fala em Guimarães Rosa
logo vem à mente a sua marca na escrita com o canto e plumagem das palavras, em
José J. Veiga a impressão digital está na simplicidade para fazer do fantástico
uma experiência real, em Jorge Amado vem à tona a sensualidade de sua
linguagem, espontânea, fraterna com os excluídos, em nível da fala coloquial.
Já em Adonias Filho temos um narrador de estilo elíptico, poético, às vezes com
entonação bíblica, sempre denso e dramático. Assim cada escritor se expõe com a
sua expressão digital para dizer do
mundo e dá permanência à sua criação.
22
O que pensa do vácuo entre um livro e
outro? Qual o sentimento neste espaço de tempo?
Porque estou aposentado, de uns anos
para cá tenho escrito mais, não sinto esse vácuo. Em certa fase de minha vida,
quando fui advogado, e o tempo para escrever literatura ficava absorvido pela
profissão que exercia, senti esse vácuo feito de angústias e sonhos. Hoje,
embora com o tempo curto, o corpo reclamando com a idade avançada, aproveito o
máximo para prosseguir na jornada. Sinto que está chegando a hora de
parar. Se escrevo morro, se não escrevo,
morro também, disse Gabriel García Márquez. Adianto que ainda temos quinze
livros inéditos. Isso me preocupa, publicar um livro de literatura no Brasil
sempre foi difícil, hoje pior ainda, temos mais autores do que leitores, as
livrarias desapareceram, as revistas e os suplementos literários, vivemos os tempos
da linguagem visual, instantânea e consumista. Quando partir para os domínios
de João Terrão como vai ser para que nossos livros inéditos sejam publicados?
Meus filhos tem outra visão de mundo, embora Josefina, defensora pública na
Comarca de Conquista, goste muito de ler.
23
Os seus livros tiveram a repercussão
merecida? Qual o seu preferido?
Receberam prêmios relevantes no Brasil e
exterior, são adotados na escola e universidade, alguns sofrem reedições,
outros estão esgotados. São adquiridos pelos programas de governo para
distribuição nos colégios e espaços de cultura. O pequeno livro Vinte Poemas
do Rio foi indicado para o vestibular da Universidade Estadual de Santa
Cruz durante três anos, vendeu cerca de vinte mil exemplares. Entre meus livros preferidos cito Os
Brabos, O Menino Camelô, infantil, Cancioneiro do Cacau, Os
Ventos Gemedores, Infância com Bicho e Pesadelo e Outras Histórias,
Vinte e Um Poemas de Amor, sem esquecer os três pequenos volumes inspirados
no rio Cachoeira. É difícil escolher um. Fico contente por ser traduzido
por Curt Meyer Clason, Fred Ellison, Alfredo Pérez Alencart, Meritxell Marsal
Hernando, Esther Pérez e Luiz Angélico, entre outros excelentes tradutores.
Alegre como autor Ilustrado por Juarez Paraíso, Ângelo Roberto, Edsoleda
Santos, Santi Scaldaferri, Calazans Neto e Zé Flávio Teixeira. Que mais posso
querer? O tempo julgue.
24
Gosto muito de um livro seu de ensaios
sobre Adonias Filho. Fale um pouco sobre esse magistral escritor.
Diferente de Jorge Amado,
que se interessa mais em contar a história de princípio, meio e fim, com
personagens previsíveis, vinculada aos saberes populares, Adonias Filho tem na
forma e ideia uma técnica revolucionária de inventar um drama, uma tragédia. Escritor de alto nível estético, denso,
elíptico, de estilo poético no fraseado que ultrapassa o regional e alcança o
plano universal porque em sua narrativa há muito de simbolismo. Às vezes sua
linguagem tem entonação bíblica. A paisagem humana não é trabalhada em nível do
típico, exótico, e o cenário, tanto na geografia intimista da zona cacaueira
baiana como na urbana, é formado de magias e mitos. Um mestre na armação do
drama, na condução da tragédia. Sua obra é uma
das perpendiculares da moderna ficção brasileira. “
25
Depois de uma longa trajetória
literária, quais as coisas nesse meio que deixou de acreditar?
Prefiro citar Jorge Amado, que certa vez
me disse no bar Vesúvio, em Ilhéus, “existe o artista vaidoso como homem e o
homem vaidoso como o artista.”
26
Gostaria de falar de algumas situações
que o deixam desolado e, por outro lado, de situações que, eventualmente, o
deixam animado?
Ao nosso ver, o problema não é de
esquerda nem de direita. É do próprio homem, que ainda não se desgarrou do
tempo da caverna, tornou-se estranho à natureza. Vem escrevendo sua história às
avessas, mais para urubu do que para sabiá. Há milênios não aprendeu a amar os
outros. Vamos escutar os passarinhos quando você estiver só, não há remédio
melhor. Sustentar esse planeta, a morada de todos nós, com a leveza de ser na
sua canção azul. Bom mesmo é o homem ter criado as artes, as ciências e os
esportes.
27
Como é que encara a morte?
Digo com o meu personagem do conto
“Sina”, do livro Os Recuados, “só sei quem nos botou aqui em cima, deve
saber tirar ainda melhor.”
28
Vamos falar sobre o que o senhor está
lendo agora, se é que está.
Acabei de ler O Amor no Tempo do
Cólera, de Gabriel García Márquez, romance que nos envolve em suas 429
páginas, como tudo que escreve em prosa de ficção esse autor enorme. Inventa um enredo da vida agora através de
longa espera de um homem para encontrar uma mulher, o seu verdadeiro amor. Ele é um mestre na arte da ficção e da
escrita, criador de obras primas. Nem tanto como o fascinante realismo mágico
de Cem Anos de Solidão, esse romance que acabei de ler tem o cheiro dos
amores contrariados pelo destino. Na página 189, há esse trecho: “ele lhe
ensinava que nada que se faça na cama é imoral se contribui para perpetuar o
amor.” Qual o autor que não gostaria de assinar um lampejo surpreendente como
esse, que fica na mente de qualquer um como brasa úmida?
29
Qual o seu livro mais recente. O que diz
dele?
A
mulher que virou beija-flor e outras crônicas é o meu sexto livro no
gênero. A capa é do genial Juarez Paraíso, muito bonita, e o prefácio é do
jornalista e cronista Henrique Fendrich, editor da revista Rubem, na qual só
publica cronistas, eu sou um deles, quinzenalmente. Como nos anteriores, nesse livro recente
entra minha infância como expressão do sonho e liberdade, se faz presente com
as pegadas da ternura. Nos textos de diversos assuntos, entre o jornalismo e a
literatura, há sempre um certo lirismo que vem do que vejo e sinto, mexe comigo
através de seres e coisas, como resultado de uma experiência de vida. Os
críticos acham que sou um cronista da memória, vinculado à minha cidade, mas
não se pode deixar de considerar que também faço incursões na cidade moderna,
agora com o fluxo interrompido pelo coronavírus, onde falo de amigos que já se
foram para o outro lado, de momentos flagrados nas pessoas velhas com a sua poesia e fala cheia
de afetividade. Nesse tom com afeto é
como meu novo livro de crônicas apresenta-se, procuro trazer com ternura as
marcas dos outros que escrevi no gênero.
30
O que anda escrevendo?
Acabei de escrever um romance que
acontece numa cidade imaginária, onde mulheres sucumbem pelas vilezas machistas
de uma união matrimonial montada para preservar a identidade familiar e a
expansão do patrimônio. Pobres mulheres, utilizadas como objeto, ao prazer do
chefe, como servas da cama e mesa. De destinos tramados para a humilhação, uso
e abuso, no palco da passividade acobertadas de tristeza e melancolia. Escrevi
durante quatro meses, em transe, quase não dormir no diálogo dolorido com essas
mulheres, de triste sina, triste final. Estão no mundo como sofredoras
resignadas do ver, entrelaçadas por uma conduta impiedosa, cheia de
preconceitos e opressões. Juntas se tornam pelo destino como protagonistas do
romance negativo da vida.
31) Concluindo, lembrarei alguns
escritores e poetas grapiúnas. Se possível, resuma em poucas linhas algo sobre
cada um. O que desejar. Importância literária, momentos de amizade etc.
·
Antônio
Nahud. Escritor de diversos gêneros. Nascido em Itabuna. Editor do blog
Antonio Nahud – Cinzas &
Diamantes, Natal (RN), 27 de maio de 2025, osolportestemunha@gmail.com
A entrevista foi publicado
no blog Cinzas e Diamantes
·
Opinião do Entrevistado sobre Alguns Escritores
do Sul da Bahia
FLORISVALDO MATTOS
“Meu amigo e patrício. Poeta
de minha admiração. De lastro clássico, versos extensos. De estro enorme, no épico, histórico,
solidariedade social, evocativo do campo com fatura lapidar. Desde o início, o bardo de Água Preta une o
eu lírico ao artesão da palavra com os instrumentos do sonho, sonoridades e
metáforas incandescentes de esperança resultando no discurso vigoroso, encanta
a quem lê.”
HÉLIO PÓLVORA
“Meu conterrâneo, deu-me o
prazer de ser o primeiro crítico que se debruçou sobre um livro de nossa
autoria, foi muito generoso, não precisava tanto. É visível que a vocação desse contista tende
para as intenções de recolher e transformar na arte genuína as impressões que a
vida propõe nos momentos habitados por vozes vertiginosas. Seu conto Os Galos
da Aurora é um primor da prosa de ficção curta. Bastava que escrevesse as
quatros narrativas antológicas de Mar de Azov para ter seu lugar
assegurado na literatura moderna brasileira
JORGE AMADO
“Homem de coração bom.
Mantivemos uma boa relação de amizade.
Também nascido em terras de Itabuna, Escritor grandão, de linguagem
sensual, despretensiosa, em sua maneira fraternal de conceber o mundo. Para ele
é mais importante o conteúdo, muitas vezes interligado na trama, do que a
palavra com a qual a vida é recriada. Construtor de personagens que ficam para
sempre. Faz pensar e ao mesmo tempo rir sua mensagem de esperança, muitas vezes
de fraternidade, vozes cheias de liberdade na escrita irreverente.”
JORGE MEDAUAR
“Também foi poeta, esse
contista de Água Preta, de estilo simples, cheio de humanidade ingênua em suas
histórias que prendem, desenhadas como flagrantes da vida diária na cidade
pequena. Criou seu feudo literário recheado dos costumes de seu tempo, como antes
fez herwood Anderson com os contos que acontecem na imaginária Winesburg, Ohio,
cidadezinha industrial no Meio-Oeste dos Estados Unidos, em 1919. Esse escritor
de sangue árabe reveste-se de uma prosa gostosa de escutar, ler no bilhete,
carta, notícia do jornal que vinha de Ilhéus no trem. Aparentemente fácil, na
serenidade de seus contos há muita observação da vida documentada com
sensibilidade.”
SONIA COUTINHO
“Nascida em Itabuna, cedo
mudou-se com a família para Salvador. Viveu no Rio de Janeiro onde exerceu o
jornalismo e a tradução para sobreviver. Na traiçoeira invenção da vida, os
fados não lhe permitiram que desfrutasse do lado azul da canção. Ficcionista de
solidão em família, de atritos e conflitos, pungentes, doloridos. Um momento
singular da atual ficção brasileira, ao nível de Clarice Lispector e Lígia
Fagundes Telles.”
SOSÍGENES COSTA
“Poeta nascido em Belmonte,
que lhe inspirou Iararana, seu mito nativista. Quando viveu em Ilhéus, viu a cidade como um
búfalo fosfóreo, inventou uma sereia que se despiu do mito, depois de ter lido
Marx e Freud, e deu uma festa no mar. Poeta de signos irregulares, mesclado nas
vertentes barroca, parnasiana, simbolista, modernista e popular. De tardia
repercussão nas letras brasileiras. Desenhou a flor do cacau toda orvalhada e
moça. Mostrou que na lira não habitam somente versos malditos, também existem as
flores, os pavões de audição colorida, fazendo a vida rútila e festiva.”
TELMO PADILHA
“Nascido em Ferradas,
distrito de Itabuna, onde também nasceu Jorge Amado. Em seu Voo Absoluto há uma difícil
travessia, exposta aos olhos como impossível de aceitar. Seu discurso
aprofunda-se nos temas impregnados de perda, fuga, medo, solidão e morte. Em Provação,
livro póstumo, o clima lírico do eu sereno está impossibilitado de acolher a
adversidade da vida armada pelo fato estúpido, inexplicável, da derradeira
verdade. A tragédia que ceifou o filho
amado vem ao debate através do eu reflexivo, lamento em grito, em que a palavra
aflora intensa na dor, emerge das silabas feridas na alma em delírio, do
coração que sangra, e não tem cura. Um livro que merece uma edição digna de um
poeta verdadeiro.”
VALDELICE PINHEIRO
“Outra poeta nascida em
Itabuna. Seus poemas bem construídos integram-se no repertório valoroso da
poesia produzida na Bahia. Atestam que, se a melhor poesia produzida no Brasil
hoje está no Nordeste, como foi lembrado pelo tradutor e poeta Ivan Junqueira,
acontece principalmente na Bahia. E, entre os baianos, Valdelice Soares
Pinheiro tem sua voz, sua impressão digital, seu talento, sua ideia imaginada
com precisão e saber, que se inscreve em patamar de afirmativo nível
literário.”
A Obra
Ficção
Os
Brabos, 1979.
Duas
Narrativas Rústicas,
1985.
Os
Recuados, 1988.
Natal das Crianças Negras, 2011
Berro de
Fogo e outras histórias, 2013.
Os Ventos
Gemedores, 2015.
O Velho e o Velho Rio, 2016.
Todo o Peso Terrestre, 2015.
Fissuras e Rupturas: Verdades,
2017.
Histórias de Encanto e
Espanto,
2019.
Pequenos Corações, 2020.
Nada Era Melhor, 2020.
Infância com Bicho e Pesadelo e Outras Histórias, 2021.
República Pinapá do Piripicado, 2022.
Histórias Brasileiras, 2023.
Do Menino se Fez o Homem, 2024.
Crônica
O Mar na
Rua Chile, 1999,
Alma Mais queTudo, 2006.
O Velho Campo
da Desportiva, 2010.
Um Grapiúna em
Frankfurt, 2013.
Gabriel García
Márquez e Outras Crônicas, 2021.
A Mulher que
Virou Beija-Flor e Outras Crônicas, 2025.
Poesia
Cantiga Grapiúna, 1981.
No Lado
Azul da Canção, 1984.
Lavrador Inventivo, 1984.
Viagrária,
1988.
Cancioneiro
do Cacau, 2002,
Os
Enganos Cativantes,
2002.
Vinte
poemas do rio, 2003.
Canto a
Nossa Senhora das Matas/ Gesang Auf
Unsele Liebe Frau von Den Wäldern, 2004.
De Cacau
e Água / Of cacao and water, 2006.
Poemas
Escolhidos/Poesie scelte, 2007,
Vinte
e Um Poemas de Amor, 2011.
Ecológico, 2013.
Onde
Estou e Sou/ Donde estoy y soy,
2013.
A Casa
Verde e outros poemas, 2014.
Poemas
de Terreiro e Orixás,
2019.
Poemas Ibero-Americanos, 2020.
O Discurso do Rio, 2020.
Devoto do Campo, 2020.
Guitarra
de Salamanca, 2022.
Águas de Meu Rio, 2022.
Capanga de Sonetos, 2023.
Zurububurana, 2024.
Ensaio
A
Anotação e a Escrita,
2016.
As
Criações de Adonias Filho,
2017.
Prosa e Poesia no Sul da
Bahia, 2020.
Kafka, Faulkner, Borges e
Outras Solidões Imaginadas,
2021.
Os Saberes nas Narrativas
de Jorge Amado, 2022.
Olhares do Leitor, 2024.
Textos Dispersos
Aquela Faculdade,
prosa e verso, 2007.
A
Estrada das Letras,
2017.
Literatura Infantojuvenil
O Menino
Camelô, 1991,
Palhaço
Bom de Briga, 1993.
O Circo
do Cacareco, l998.
Histórias
do Mundo Que Se Foi, 1997.
O
Goleiro Leleta e outras fascinantes histórias de futebol, 2005.
O Menino
e o Boi do Menino, 2007.
O Menino
e o Trio Elétrico, 2007,
Roda
da Infância, 2009.
Lorotas,
Caretas e Piruetas,
2011,
O
Que Eu Vi Por Aí, 2014.
Oratório
de Natal, 2014.
O Circo no Quintal, 2014.
Minha Turma Agora Dorme, 2015.
Minha Feira Tudo Tem Como Onda Vai Vem, 2015.
A Poesia É Um
Mar, Venha Comigo Navegar, 2022.
Existe Bicho
Bobo? 2022.
Responda Certo Se For Esperto,
2022.
Tiquinho de
Ternura, 2022.
A Poesia de
Calça Curta, Ilhéus, 2022.
O Mundo É Uma
Criança com Palhaço e Lambança, 2025.