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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Uma História da Literatura Baiana

                                   Por Cyro de Mattos

A linguagem literária é útil ao próximo na compreensão do mundo.  As obras literárias falam à imaginação e ao sentimento. As científicas, de preferência à razão. A soma da sabedoria humana não está apreendida por nenhuma linguagem e nenhuma linguagem em particular é capaz de exprimir todas as formas e graus de compreensão humana. De todas as linguagens a que mais se aproxima dessa condição é a literária. E tão importante é a literatura na sociedade que quanto mais frágil ela for o povo vive em vias de perder o rumo de sua identidade e do seu país. 
A literatura é a expressão mais completa do homem, como ente que pensa e sente. Todas as outras expressões referem-se ao homem enquanto especialista de uma atividade. Só a literatura concebe e apreende o homem enquanto homem. Sem distinção nem qualificação alguma. É a via mais direta para que os povos se entendam e se encontrem como irmãos. 
Não parece que as instituições públicas do setor na Bahia entendam assim quando se trata da necessidade da elaboração de uma história da literatura baiana. A  literatura baiana vem contribuindo para que as letras brasileiras operem como meio eficaz de comunicação humana em sua função social. No passado com o padre Antonio Vieira, Gregório de Mattos, Castro Alves, Rui Barbosa, Pedro Kilkerry e outros. No amplo curso evolutivo notamos que a prosa de ficção na Bahia revela-se em  diversas áreas, momentos e situações, correspondendo sua expressão estética à percepção individual de cada autor. Xavier Marques, Jorge Amado, Adonias Filho, Herberto Sales, Euclides Neto, Osório Alves de Castro, Hélio Pólvora, Vasconcelos Maia, Sonia Coutinho, João Ubaldo Ribeiro, Antonio Torres,  Helena Parente Cunha,  Aramis Ribeiro Costa,  Guido Guerra, Carlos Ribeiro, Aleilton Fonseca e  Gláucia Lemos     constituem um  conjunto de forte expressão,  que qualifica o estágio de total  identidade e autonomia nacional da literatura brasileira. A lista seria maior se fosse citar outros nomes representativos. 
O mesmo se pode dizer de poetas portadores de um discurso legítimo como fatura estética e sentimento de mundo. Carvalho Filho, Godofredo Filho, Sosígenes Costa, Telmo Padilha, João Carlos Teixeira Gomes, Carlos Anísio Melhor, Ruy Espinheira Filho, Florisvaldo Mattos, Myriam Fraga, Antonio Brasileiro, Capinan, Luís Cajazeira Ramos, Fernando da Rocha Peres, Afonso Manta, Valdelice Soares Pinheiro e José de Oliveira Falcon  são nomes que condizem com esse referencial no campo das letras baianas.
É trabalho de especialistas a confecção de uma história da literatura baiana, dotada de valor crítico e documental, comentários lúcidos da obra na instituição  do cânone. Não faltam intelectuais da melhor estirpe entre nós para participar de um grupo de trabalho com essa finalidade. São muitos os  exemplos de  nomes importantes  para compor o  grupo na execução do projeto, levado em consideração o  instrumental teórico, sensibilidade,  consciência crítica, vivência e convivência  que cada um deles possui no setor.     
Instituições públicas, no âmbito do literário, pedagógico e cultural,  mais se personalizam como órgãos atuantes quando com eficácia produzem, organizam e divulgam. Cometem omissão incompatível com a sua finalidade quando deixam de elaborar projeto para que seja escrita obra importante como a de uma história crítica da literatura baiana. Documento valioso não só para dar uma visão panorâmica de autores e obras no seu processo histórico como para apresentar a vinculação da vida ao patrimônio espiritual de um povo, dentro de um contexto educativo e cultural. A omissão nesse caso não procede, reveste-se, no mínimo, de insensibilidade e negligência.   







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