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terça-feira, 8 de março de 2016



Poema da Mulher Não Resignada
                           Cyro de Mattos

Para onde vá sem voz
Deixa que seja levada.
Maneira de ser conduzida
Expressa o espaço inútil.  

Golpeada na afronta,  
Indisponível de si mesma.    
Pousa vazia de sentidos
No rito de cama e mesa.  

Rolam anos de vergonha,
O que podemos achar nela?
Amanhecer é preciso
Apesar das opressões.  

Inaugurar uma abertura
Entre fortes tremores.
 Chega! Um grito é capaz
De parir as próprias emoções.

Dona enfim de uma rosa
Nascida de seu trauma.    
Alimentada na rebelião
De corpo e alma, fissuras

De seu muro entre as escolhas.
Culpada mas sem pecado,    
Sabe que viver são ondas
Passando pelo mito da mulher.

Significa enfim o arrojo
 Ao alcance da verdade.  
Tal qual o parceiro na lida
De frente para o mundo.



*Cyro de Mattos é escritor e poeta. Tem livros pessoais publicados em Portugal, França, Itália e Alemanha. Com o Cancioneiro do cacau  obteve o Segundo Lugar no Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, em Gênova, Itália, e o Prêmio Nacional Ribeiro Couto da União Brsileira de Escritores (Rio). Conquistou o Prêmio Literário Nacional Pen Clube do Brasil 2015 com o romance Os ventos gemedores.. 

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