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domingo, 6 de novembro de 2016


Dentro das Letras

Cyro de Mattos

Fiquei comovido e me senti honrado quando soube que a Academia de Letras da Bahia elegeu-me para ocupar a cadeira 22 da instituição, com 27 votos dos 28 acadêmicos, membros  efetivos, que compareceram à eleição. A cadeira 22 tem como patrono o juiz de Direito José Maria da Silva Paranhos, como fundador Rui Barbosa e o seu último ocupante foi o poeta Clovis Lima. Estarei ocupando-a no próximo dia 10 de novembro.
       Fui empossado como sócio correspondente da Academia de Letras da Bahia em 18 de novembro de 2002. Naquele momento, os estatutos proibiam que o candidato residente no interior fosse eleito membro titular. O convite para me tornar sócio correspondente da instituição foi feito pelo escritor e acadêmico titular Luís Henrique. Com a mudança nos estatutos, a mencionada proibição foi eliminada.
     Mudaram-me de lugar na valorosa Academia de Letras da Bahia. Jorge  Amado, Itazil Benício e  Hélio Pólvora foram outros escritores itabunenses que ocuparam o quadro de membros efetivos da Academia de Letras da Bahia.  Atualmente, o jornalista Samuel Celestino, que assina uma coluna política no jornal “A Tarde”, é também outro itabunense que figura como  membro efetivo dessa tradicional instituição de letras. Do sul da Bahia, a instituição tem ainda como   membros efetivos o poeta Florisvaldo Mattos (de Uruçuca) e o escritor Aleilton Fonseca (de Firmino Alves).  O ilheense James Amado era outro filiado a seu quadro de membros titulares. 
      A Academia de Letras da Bahia sempre cuidou em ter em suas hostes intelectuais da mais alta qualidade. Nesta instituição figuram juristas, poetas, ficcionistas, jornalistas e professores doutores de universidades. Ressalte-se os nomes de  Rui Barbosa, Luís Viana, Zélia Gattai, João Ubaldo Ribeiro,  Orlando Gomes, Thales de  Azevedo,   Vasconcelos Maia, Guido Guerra, Myriam Fraga, João Carlos Teixeira Gomes e  Aramis Ribeiro Costa,  entre tantos. A instituição estará comemorando o centenário de fundação em 2017. A atual presidente é a Professora Doutora Evelina Hoisel.
     Durante cinqüenta anos,  a minha vida está ligada permanentemente à literatura. Desde que publiquei meu primeiro conto, “A Corrida”, no suplemento literário do “Jornal da Bahia”, dirigido por João Ubaldo Ribeiro, naqueles idos de 1960, nunca mais deixei de publicar artigos, volumes de contos, poemas, novelas, romance e  literatura infanto-juvenil. Cada vez mais tenho amado  às letras, que me ajudam a sobre viver. A literatura tem demonstrado    que gosta de mim. Reconhece meu trabalho. Alguns de meus livros receberam prêmios importantes, no Brasil e exterior. Nove deles foram publicados no exterior. Recentemente, a Universidade Estadual de Santa Cruz outorgou-me   o título de  primeiro Doutor Honoris  Causa.  A solicitação do pleito  foi encaminhada e fundamentada em meu currículo   pela Professora Doutora Reheniglei Rehem. O processo de “canonização” de minha vida literária durou mais de ano, em segredo de procedimento estatutário da UESC. No final a aprovação da concessão da honraria,  por unanimidade. Que honra, quanta alegria!    

           Sou casado com Mariza há 48 anos, pai de três filhos, avô de seis netos.  Agradeço a Deus ter chegado até aqui. Confesso que o mundo das necessidades materiais, que gera essa guerra de cada um só pensar em si, e que continua a fazer estúpidos estragos na maravilha da vida, desviando os seres humanos da ternura, há milênios,  nunca me apeteceu.    Como se diz, “o mundo de Deus é grande, eu trago na mão fechada, o pouco com Deus é muito, o muito sem Deus  é nada.”

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