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quinta-feira, 23 de junho de 2022

 

Soneto do Cavalo

Cyro de Mattos

 

Músculo, suor, galope, cadência;

vento, porteira, campina, relincho.

No passo picado rude elegância,

maneira de cascos: trote, compasso.

 

Incansável crina em qualquer distância;

se selvagem, vence quem vem com o laço.

Nervoso fere com uma espada ígnea,

coito na seda, tremura, entrelaço.

 

Na chuva grossa, forte estiagem,  

que de melhor pra montar no cavalo?

A amizade? Na manhã a aragem?

 

Na sela agora surgem do que falo

coisas de ontem como se hoje fossem...

ele, relva quadrúpede, o cavalo.

 

(Do livro Cancioneiro do Cacau, Prêmio Nacional Ribeiro Couto, União  Brasileira de Escritores (RJ), um dos vencedores do Prêmio Emílio Moura da Academia Mineira e Letras, Segundo Lugar no Prêmio Internacional de Literatura Maestrale Marengo d’Oro, em Genova, Itália, e Finalista do Jabuti.)

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