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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

         


           Inútil Biblioteca Municipal
                      

                                 Cyro de Mattos

O livro é esse amigo que está sempre pronto para dizer que  na sua companhia  a vida fica melhor  pensada, sentida,  esquecemos até a morte. O lugar de guardar esse amigo precioso é na biblioteca, que pode ser particular, comunitária ou pública. É lá que se preserva nossa memória. O livro é a abertura do mundo, a biblioteca o mundo onde estamos e somos.  
Penso que a  biblioteca pública hoje presta um papel fundamental à comunidade na formação do conhecimento. É espaço para atuar na produção de novos valores, possibilitando o crescimento das pessoas.  Daí não se poder aceitar  mais a biblioteca pública como apenas um espaço de leitura e pesquisa. Mais que isso, deve empreender atividades que sirvam à comunidade como aprendizado e conhecimento da vida. Você concorda comigo? Deve funcionar  como o cérebro, o coração e o pulmão de uma sociedade ou instituição,  constituindo-se no mais valioso patrimônio, no maior e mais caro laboratório implantado para a formação de cidadãos  e  a qualificação do futuro de um país.  
           Não é o que acontece com a Biblioteca Municipal da Itabuna, cidade onde  donde nasci e resido. Com mais de duzentos mil habitantes, além de celeiro de escritores e artistas, a cidade  possui uma rede numerosa  de estabelecimento de ensino, que alcança   escolas em nível  primário e secundário, curso científico e técnico, faculdades e universidades. Tem na  Biblioteca Municipal Plínio de Almeida o espaço indicado para funcionar  como guardião de livros e documentos,  centro de pesquisas e leituras. Esse espaço, longe do ideal,  vem sendo reduzido pela Câmara de Vereadores,  que de vez em quando por lá  aparece e lhe toma um bom pedaço.  Alega-se, a cada investida, sem qualquer constrangimento ou argumento plausível,   que é preciso  ampliar o espaço físico da Câmara de Vereadores em face das demandas. Não bastasse, durante décadas,  a casa do legislativo municipal  ocupar o prédio que pertence ao patrimônio da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania.  E, pasmem os céus, não  paga nada pela ocupação indevida.   
        Há muito tempo qualquer  biblioteca pública  que se preze  tornou-se   um centro de conhecimento,  proporcionando seu espaço   à comunidade meios de   acompanhar a evolução do mundo. Se um país se faz com homens e livros, como disse Monteiro Lobato, o que se  espera de uma biblioteca pública condigna  é que seja dirigida por um técnico com nível universitário, como determina a lei, equipe modernizada e acervo atualizado. Cabe ao gestor municipal do  setor cuidar desses elementos para que esse  espaço seja intenso e melhor freqüentado. Com oficinas criativas, comemorações de datas especiais,  leitura compartilhada de obras infantis e juvenis,  lançamento de livro, teatrinho  e  contação das mais belas histórias, uma biblioteca pública poderá desenvolver uma agenda cultural significativa, não é mesmo?    

         Na situação precária em que se encontra, acervo pequeno, desatualizado, corpo de funcionário distante da realidade,  espaço físico reduzido, baixa freqüência, o  quadro da biblioteca pública de minha cidade dá pena a quem tem  um pouco de amor pela casa onde mora o amigo livro.        

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